O jornalista Carlos Mazza já foi repórter de Política, repórter investigativo, coordenou o núcleo de jornalismo de dados do O POVO e atualmente é colunista de Política
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Um dia após Ciro Gomes (PDT) provocar novo tensionamento na aliança entre PT e PDT no Ceará, a Câmara Municipal de Fortaleza teve ontem mais uma manhã de embate entre integrantes dos dois partidos na tribuna da Casa. Já na Assembleia Legislativa, por outro lado, predominou o clima geral de "deixa disso", com diversos deputados pedetistas diminuindo afirmações de Ciro.
Na Câmara Municipal, tema entrou na pauta do dia após o vereador Adail Júnior (PDT) destacar fala recente do ex-ministro José Dirceu (PT) apontando que o PDT poderia "rifar" a candidatura de Ciro à Presidência da República, o removendo da disputa. "Esse homem está louco. Cuida do teu, Dirceu, do teu partido, que nós do PDT temos o melhor candidato", disse o pedetista.
A fala de Adail foi endossada por diversos vereadores do PDT, incluindo Didi Mangueira e o líder do governo José Sarto (PDT) na Casa, Gardel Rolim. "Querem desqualificar a candidatura do Ciro, incutir na cabeça do brasileiro que não há alternativa, que só existem dois candidatos: o presidente e o ex-presidente. Esse não é um sentimento democrático".
A tese dos pedetistas foi respondida logo depois por vereadores do PT, que destacaram histórico de ataques de Ciro ao partido. "Eu vejo pessoas há anos esculhambando o PT de A a Z, chamando todo mundo de ladrão. Aí o José Dirceu, que não é da direção nacional, não é parlamentar, dá sua opinião, e de repente a turma desmonta, o mundo cai. Algumas pessoas podem dizer o que querem e o que não querem, chamar todo mundo de ladrão. Aí o Dirceu dá uma opinião, a turma se apavora", diz Guilherme Sampaio (PT).
Diversos integrantes do grupo de oposição de centro-direita e direita da Casa - que une vereadores próximos do deputado Capitão Wagner (UB) e do presidente Jair Bolsonaro (PL) - minimizaram o embate, classificando petistas e pedetistas como "farinha do mesmo saco". "É tudo teatro, logo estarão juntos no palanque", diz Márcio Martins (Pros).
"É muito bom ver PT e PDT trocando farpas numa suposta disputa, está parecendo até briga de namorados. Casal entrou em crise. Fico imaginando o povo cearense assistindo, o pau cantando entre as vizinhas, e tá lá o povo se olhando e gritando, 'ieei'", diz o vereador Sargento Reginauro (UB).
No parlamento estadual, no entanto, assunto do racha entre PT e PDT foi recebido em tom muito mais ameno. Entre deputados estaduais, predominou o clima de "paz e amor", com maior número de parlamentares se posicionando no sentido de "apagar o incêndio" na relação entre petistas e pedetistas.
Seguindo linha parecida com a da governadora Izolda Cela (PDT), deputados pedetistas destacaram importância da manutenção da aliança entre "todos os partidos" no Ceará e classificaram as falas de Ciro como "posições pessoais" do ex-ministro.
O embate na Câmara ocorre um dia após o presidente do PT Ceará, Antônio Filho, anunciar que a Executiva Estadual da sigla irá se reunir para debater recentes críticas de Ciro contra o partido. "As declarações de Ciro Gomes são de extrema agressividade, capazes inclusive de interditar de vez os esforços até então empreendidos pela manutenção da aliança com o PDT no Ceará", disse.
Na manhã desta terça-feira, 3, em entrevista à rádio Jangadeiro BandNews FM, Ciro falou da existência de um "lado corrupto" do PT no Ceará. "É bom que todo mundo sabia que esse acordo vai acontecer se o interesse do Ceará estiver acima. Se for com negócio de conchavo, de picaretagem, eu topo enfrentar o PT também. Porque eu não vou me submeter a um lado corrupto do PT que também existe no Ceará", disse.
Logo depois, o pedetista cita diretamente a deputada federal Luizianne Lins (PT), hoje uma das vozes que mais defende que o PT cearense rompa com o PDT no cenário local. "Dona Luizianne, já na eleição passada, se omitiu no enfrentamento do Capitão (Wagner, deputado federal) porque está lá entranhada com ele", diz.
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