De passagem em Fortaleza para participar da XIII Bienal do Livro e de eventos partidários, o deputado federal Glauber Braga (Psol-RJ) respondeu tese compartilhada pelo presidente Jair Bolsonaro (PSL) no Facebook de que o procurador Deltan Dallagnol, coordenador da força-tarefa da Lava Jato no MPF do Paraná, seria “esquerdista tipo Psol”.

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“Isso é miopia, né. É miopia de um governo de extrema-direita que considera tudo aquilo que não é também de extrema-direita como esquerda”, disse Braga ao O POVO. “Eles acham que o PSDB é de esquerda, que o Deltan Dallagnol é de esquerda, daqui a pouco estão dizendo que até o Alexandre Frota (deputado federal, ex-PSL) é de esquerda também”.

Confira trechos da entrevista com Glauber Braga:

Segundo Braga, isso é “sinal dos tempos” do País. “É uma extrema-direita que pode sim ser considerada fascista, que vê em qualquer coisa que seja diferente daquilo que eles pregam como algo que precisa ser combatido, e hoje o que eles elencaram para combater sistematicamente é a esquerda e, exatamente por isso, a gente precisa reagir”, diz.

Diálogo e trabalho de base

Pregando necessidade de a esquerda ampliar o trabalho de base junto à população no dia a dia, Braga defende também um diálogo maior com partidos de oposição ao governo Bolsonaro. “O Bolsonaro defende publicamente a eliminação de militantes de esquerda, então acho sim que todos aqueles partidos e lideranças de oposição tem que estar na resistência”, diz.

O deputado resiste, no entanto, dialogar com segmentos de direita. “Parte da direita liberal quer convencer a população de que todos os nossos problemas se resolvem a partir de um diálogo entre esquerda e extrema-direita. Não concordo. Uma coisa é você disputar uma base perdida para o bolsonarismo. Mas figuras como o Bolsonaro, Silas Malafaia, Sergio Moro, têm que ser combatidas”.

Recentemente, uma das lideranças do Psol, Marcelo Freixo (RJ), protagonizou polêmica ao participar de vídeo bem humorado com a deputada Janaína Paschoal (PSL-SP). “O Freixo não procurou ela, ele foi procurado para fazer uma entrevista. A crítica que faço é quanto ao formato do programa, que reduz muito o debate, mas creio que o Freixo estava lá para se contrapor”.