Logo O POVO+
Novas Regionais e o "raio-x" da base de RC
Foto de Carlos Mazza
clique para exibir bio do colunista

O jornalista Carlos Mazza já foi repórter de Política, repórter investigativo, coordenou o núcleo de jornalismo de dados do O POVO e atualmente é colunista de Política

Carlos Mazza política

Novas Regionais e o "raio-x" da base de RC

Tipo Opinião
Roberto Cláudio diz que indicará técnicos (Foto: Sandro Valentim)
Foto: Sandro Valentim Roberto Cláudio diz que indicará técnicos

A partir do próximo ano, a configuração das Secretarias Regionais de Fortaleza vai mudar consideravelmente: passarão a existir, conforme lei já aprovada pelo Legislativo, doze regionais, cinco a mais que as sete já existentes hoje. Segundo Roberto Cláudio (PDT), a mudança administrativa vai ser detalhada em decreto previsto para fevereiro, quando devem ser nomeados os secretários responsáveis por cada pasta. O prefeito reafirma que a alteração não aumenta gastos públicos nem aumenta o número de cargos na gestão, mas não adianta: a distribuição regional da cidade muito vai dizer sobre a base aliada para a eleição de 2020.

Mesmo com as negativas de RC, é pública a cobiça de políticos pelos comandos das novas pastas. São as Regionais, afinal de contas, que coordenam principais ações e serviços da Prefeitura diretamente nos bairros e comunidades, espaço de atuação mais direta principalmente de vereadores. Para se ter noção, com a mudança, territórios das regionais V e VI passarão a ser divididos em até sete novas pastas - justamente na área da cidade com mais "vereadores de bairro", aqueles parlamentares com votação bem concentrada em um bairro só. É natural e óbvio, portanto, o interesse de parlamentares aliados pelo espaço.

Em conversa com a coluna, um parlamentar que possui forte ligação com um bairro da atual Regional VI diz que observa de perto quem será indicado para a nova pasta e até se prontificou a indicar "nomes tecnicamente qualificados" para o posto, mas que ainda não recebeu qualquer sinalização da equipe do prefeito sobre a mudança. Em conversas de bastidores, outros vereadores dizem que é importante que os titulares das Regionais sejam alinhados com os parlamentares daquelas regiões, e que isso certamente será levado em consideração por RC.

"Nomes técnicos"

Neste sábado, o prefeito disse à coluna que irá compor "tecnicamente" as novas pastas, "como tem sido feito historicamente nas regionais". Ele destaca, por exemplo, perfil de nomes com formação em engenharia, servidores de carreira do Município ou com passagem por gestão de obras.

De fato, no início de seu primeiro mandato, RC nomeou apenas técnicos até então pouco conhecidos para as Regionais, guardando os cargos de secretário-executivo para indicações mais políticas - o ex-vereador Paulo Mindello, por exemplo, foi para a função na Regional IV, entre outros. Com o tempo, no entanto, os titulares das pastas passaram a ser cada vez mais "politizados", como os vereadores Carlos Mesquita e o hoje presidente Antônio Henrique, ambos com passagens na SER III.

Há ainda perfis que, apesar de possuírem claras indicações políticas, se encaixam no perfil elaborado por RC. Rennys Frota, titular da Regional I, por exemplo, possui pós-graduação em Gerenciamento de Projetos, mas é conhecidamente ligado ao ex-presidente do extinto Tribunal de Contas dos Municípios, Domingos Filho (PSD), tendo inclusive ocupados outros cargos públicos sob indicação do político.

Contexto é tudo

Para entender as mobilizações, é importante destacar ainda o contexto atual da base aliada do prefeito na Câmara Municipal. Nos últimos meses, têm crescido na Casa o coro de parlamentares aliados insatisfeitos com "falta de suporte" da gestão. John Monteiro (PDT), por exemplo, chegou a subir a tribuna para reclamar explicitamente do secretário Ferruccio Feitosa, que acusou de "desprezar os vereadores" e não acolher suas demandas na Regional II. Já Adail Júnior (PDT), por outro lado, fez pelo menos dois pronunciamentos reclamando de "falta de espaço" para seus aliados nas gestões de Fortaleza e do Ceará.

É óbvio, portanto, o peso que vereadores darão para a definição das novas regionais a partir de fevereiro. Em 2012, Roberto Cláudio concorreu a prefeito tendo o MDB como seu principal aliado nas urnas, posição que rendeu diversos cargos da gestão para emedebistas após a sua vitória e posse. Em 2016, o aliado de primeira hora acabou sendo o DEM, que também teve boa contagem de nomes no governo. Agora, Domingos Filho e o PSD voltam à base e devem ampliar presença em cargos da gestão. O tamanho que cada sigla tiver nessa articulação diz muito sobre o processo eleitoral de 2020.

 

Foto do Carlos Mazza

Política é imprevisível, mas um texto sobre política que conta o que você precisa saber, não. Então, Acesse minha página e clique no sino para receber notificações.

O que você achou desse conteúdo?