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Festejando Luciano Franco
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Chico Araujo é cearense, licenciado em Letras, professor de Língua Portuguesa e de Literatura brasileira

Festejando Luciano Franco

Tipo Crônica
O compositor e multi-instrumentista Luciano Franco (Foto: Luiz Alves/Divulgação)
Foto: Luiz Alves/Divulgação O compositor e multi-instrumentista Luciano Franco

Não foi o acaso que pôs Luciano Franco na rota da minha existência, mas, verdadeiramente, o carinho por mim, a amizade e a paixão pela música do casal Leda Rocha / Ignácio Barreira. Ignácio e Leda foram proprietários do Estudantina, bar-restaurante de cervejas geladas, acolhedor atendimento e ótimos petiscos que funcionou ali no Bairro de Fátima, nas proximidades do Centro de Humanidades da Uece, na Avenida Luciano Carneiro, e da D'Itália Pizzaria, na Avenida 13 de maio.

Em noites do Estudantina, Luciano deleitou, com sua maestria ao violão, o público frequentador – entre ele amigos e amigas como Kelsen Bravos, Gláucia Lima, Glauba Rocha, Lira Neto, Roberto Araujo, Gabrielle Cavalcanti, Evaldo Lima. Foi no Estudantina que vi e me encantei com Fhátima Santos, cantando blues, jazz e MPB com sua voz poderosa sob os acordes do violão de Luciano.

Pois bem, em um sarau realizado por mim e minha esposa, em nossa casa, lá por 2014, poesia, música, cerveja e tira-gostos já em acontecimento, Leda me chama e diz baixinho: "Luciano está lá fora esperando para entrar". Era Luciano Franco, francamente me desejando boa noite e afirmando "Vim pra festa". E "chegou, chegando": sem demora seu violão já dialogava com o de Matteus Viana, o de Marcos Silva, o de Daniel Mallzhen. Aquela noite de performances poéticas e cantoria foi um marco, o estrear alvissareiro de nossa convivência. Depois dela, não tardaram interações no Sarau da Amizade e, mais adiante, no correr natural do tempo, os encontros no melhor espetinho da cidade, do Alexandre e do Renato, e em atividades envolvendo o clamor pela amizade e os chamados para a música.

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Da nossa convivência harmoniosa e melódica também brotou meu carinho, respeito e admiração pela pessoa e pelo artista de amplos domínios sobre gêneros musicais, entre os quais afirmo aqui bolero, xote, baião, balada, samba, bossa-nova, blues, jazz, valsa... Mas, qual gênero musical se constitui como o de preferência, quando Luciano Franco vai compor? Não sei afirmar, pois transita bem por todos; porém, é fácil constatar sua competência ao realizar suas composições em qualquer um deles. Multi-instrumentista, o músico, compositor, arranjador e produtor musical goza de muito prestígio não somente no Ceará, destacando-se também no cenário da música nacional.

Em composições instrumentais solo e em canções com múltiplos parceiros (não é comum Luciano Franco desenvolver as letras delas) é certo que cada nova música por ele realizada tem sua sensibilidade e competência musical como marca registrada, além de refinado bom gosto como destaque, uma vez que sempre busca o esmero, sempre se empenha para fazer cada nota, cada sílaba musical com capricho.

É o que percebemos ao escutar sua discografia iniciada em 2005 com o CD intitulado “Luciano Franco”, álbum de 12 músicas instrumentais autorais, algumas delas tendo recebido letras posteriormente e se transformado em canções a partir de parcerias estabelecidas com vários letristas. Luciano, em estúdios e em palcos, costumeiramente se faz acompanhar de seu violão com cordas de nylon, mas também toca violão com cordas de aço, baixo elétrico, piano, guitarra, sem abrir mão da companhia de outros músicos de excelência, antigo ou novo amigo.

Seu novíssimo álbum, “Bom dizer” (13 canções com diversos parceiros), disponível ao público desde setembro, “quarto” trabalho lançado nesse ano de 2025, é o mais recente exemplo de sua imponente trajetória em “sessenta anos de estrada” no campo da música, legando ao público a diversidade já destacada acima e ampliando sua discografia autoral. No primeiro semestre, Luciano fez chegar ao público os álbuns de músicas instrumentais “Parceirização” (com oito faixas) e “Entre Amigos” (com 13 composições), além de “Sonho é pra Sonhar” (com 13 canções em parceria com Chico Araujo).

“Brasilidades Musicais” e “Amor Total” (dois álbuns de canções com diversos parceiros), “Casa das Flores” (canções em parceria com Paulinho Pedra Azul), “Valsa do Tempo” (canções em parceria com Luís Lima Verde), “Forró Brasileiro” (canções em parceria com Eason Nascimento), “Rio Novo” (músicas instrumentais solo), “Milito Franco Moura” (composições de Luciano, Osmar e Dalwton), “Voz do Coração” (canção single em parceria com Luís Lima Verde) compõem sua discografia disponível e acessível nas plataformas digitais musicais.

A grandiosidade do músico-compositor-arranjador Luciano Franco se sabe também pelas suas companhias em shows e em gravações: Osmar Milito (falecido em 2024), Arismar do Espírito Santo, Paulinho Pedra Azul, Roberto Menescal, Tito Freitas, Eason Nascimento (falecido em 2021), Tiago Araripe, Márcio Resende, Zé do Norte, Paulo Façanha, Edinho Vilas Boas, Gilmar Nunes, Edmar Gonçalves, Arnaldho de Sá, Dalwton Moura, Rogério Lima, Rogério Franco, Paulinho Santos, Adelson Viana, Rossano Cavalcante, Fhátima Santos, Yayá Vilas Boas, Cris Fiuza, Aparecida Silvino, Idilva Germano, Roberta Fiuza, Ingrid Sales, Marina Cavalcante, Tailândia Montenegro, Claudine Albuquerque, Raara Rodrigues são exemplos de musicistas que o fizeram e fazem estar sempre muito bem acompanhado – quase nunca está só.

A trajetória musical de Luciano Franco teve início em sua adolescência, quando, por volta dos quinze anos, já dava sinais de que seria grandioso junto ao seu violão. Em sua juventude, seu caminho como músico viveu a “saborosa” experiência de integrar os grupos Brasa Seis, Big Brasas, Conjunto Paulo de Tarso e de acompanhar, no palco, Cauby Peixoto, Clara Nunes, Cláudia Barroso, Núbia Lafayete, Paulinho da Viola, Beth Carvalho, Martinho da Vila, Luis Ayrão, Eliana Pitman, Cláudio Faissal, Francisco José, Martinha, Sérgio Reis, Márcio Greick, Katia Cilene, Carlos José, Ed Wilson, Wanderlea, Golden Boys, Maysa, Cláudia, Altemar Dutra (pai e filho) e muitos outros artistas – cearenses e de outras plagas nacionais.

Hoje, entre a atividade da composição, gravações em estúdios e produções musicais participa de apresentações e shows como componente da Big Band da Unifor. Incansável, esse baluarte da música cearense subirá, na próxima quinta-feira, dia 16 desse outubro de 2025, ao palco do BNB Clube para realizar o show “Luciano Franco”, momento em que, acompanhado de Márcio Resende, Gabriel Geszti, Ednar Pinho e Paulinho Santos, comemorará os 20 anos de lançamento do seu primeiro disco, o homônimo “Luciano Franco”, recebendo, ainda, como convidados, Edinho Vilas Boas, Idilva Germano e Dalwton Moura.

Um regozijo ter um amigo desse quilate. Brindo sempre.

Foto do Chico Araujo

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