Reitora da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (Uern), é graduada em Ciência da Computação, mestrado em Engenharia Elétrica, pela Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), doutora em Engenharia Elétrica e da Computação, pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e Pós-Doutorado, no Massachusetts Institute of Technology (MIT/EUA)
.No Brasil, historicamente marcado pela desigualdade social e racial, esse trabalho sempre esteve presente como principal ocupação feminina, com destaque para as mulheres negras e em condições de vulnerabilidade socioeconômica
Em um mundo que gira em torno do capital, há um trabalho essencial que continua invisível: o cuidado. A chamada economia do cuidado, muitas vezes negligenciada, sustenta o funcionamento da sociedade, permitindo que outras atividades econômicas sejam realizadas. Essa engrenagem é impulsionada majoritariamente por mulheres, em um esforço diário que segue subestimado e, em sua maior parte, não remunerado.
Segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT), 76% do trabalho de cuidado não remunerado no mundo é realizado por mulheres. São tarefas que vão desde cozinhar, limpar, até o zelo por crianças, idosos e pessoas com deficiência.
No Brasil, historicamente marcado pela desigualdade social e racial, esse trabalho sempre esteve presente como principal ocupação feminina, com destaque para as mulheres negras e em condições de vulnerabilidade socioeconômica.
O trabalho doméstico remunerado emprega uma parcela significativa dessas mulheres e evidencia as desigualdades estruturais. Enquanto mulheres de classes médias e altas conseguem delegar parte dessas funções, as trabalhadoras do cuidado acumulam o serviço prestado com as responsabilidades de seus próprios lares.
Quase sempre, em condições precárias, sem garantias trabalhistas ou reconhecimento social. Segundo a economista Hildete Melo e a cientista política Débora Thomé, cerca de 15% das famílias brasileiras contratam mulheres para esse tipo de serviço - mulheres que, em sua maioria, são negras e de baixa renda.
O cinema nacional, que recentemente conquistou o Oscar com "Ainda Estou Aqui", já trouxe reflexões sobre essa realidade. No filme "Que horas ela volta?" (2015), a protagonista Val, interpretada por Regina Casé, representa a vivência de tantas mulheres brasileiras. que deixam suas casas e filhos para cuidar das famílias de seus empregadores. O filme escancara as desigualdades históricas e a precarização do trabalho doméstico, uma estrutura que persiste no Brasil.
Mas quem cuida dessas mulheres? Essa é a pergunta que precisamos responder como sociedade. O reconhecimento da economia do cuidado exige políticas públicas eficazes, como ampliação da rede de creches e escolas integrais, melhores condições para trabalhadoras domésticas, incentivo à paternidade ativa e divisão justa das tarefas dentro dos lares. É urgente valorizar e regulamentar essa atividade, garantindo proteção social e direitos trabalhistas para quem se dedica a cuidar de outros.
A sociedade não pode continuar operando à custa da sobrecarga imposta às mulheres. Se o cuidado é essencial para a vida, então cuidar de quem cuida deve ser prioridade. Afinal, não há justiça social sem o reconhecimento e a valorização dessas mulheres que sustentam o mundo.
É imprescindível que instanciemos a educação como ferramenta fundamental para o empoderamento feminino, a prevenção da violência e a promoção da saúde, conforme preconiza o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 5 da Organização das Nações Unidas (ONU) por meio da Agenda 2030.
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