As pegadas do amor: o poder curativo de olhar nossos pais com compaixão
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A psicanalista Claudia Molinna é também advogada, especialista em Direito Penal e Médico. Foi uma das primeiras Delegadas da Mulher no Brasil e fundadora da tropa de elite da Polícia Civil de Pernambuco, o GOE - Grupo de Operações Especiais. Atualmente, é vice-presidente da Associação dos Delegados e Delegadas da Polícia Civil do Estado de Pernambuco
As pegadas do amor: o poder curativo de olhar nossos pais com compaixão
Um estudo da Universidade de Stanford mostrou que pessoas que desenvolvem empatia e compaixão pelos pais, apresentam níveis mais baixos de ansiedade e maior estabilidade emocional
Foto: Pexels/Delcho Dichev
As pegadas do amor: o poder curativo de olhar nossos pais com compaixão
Olhar para os pais com compaixão é um dos gestos mais transformadores da vida adulta. Significa reconhecer que eles também tiveram dores, medos e limites e que dentro das circunstâncias que viveram, fizeram o melhor que podiam. Essa visão não é romantização, é consciência.
O psicólogo argentino Matías Muñoz, autor de Tras las huellas del amor (Nas pegadas do amor), chama de ato de reconciliação interna. Para ele, revisitar a história familiar com um olhar compassivo, permite curar feridas antigas e interromper padrões de sofrimento que atravessam gerações.
Pesquisas recentes reforçam essa perspectiva. Um estudo da Universidade de Stanford mostrou que pessoas que desenvolvem empatia e compaixão pelos pais, apresentam níveis mais baixos de ansiedade e maior estabilidade emocional.
Já a Harvard Medical School apontou que o perdão dentro das relações familiares, está diretamente ligado à redução de sintomas depressivos e ao aumento da satisfação com a vida.
O Journal of Positive Psychology também concluiu que a prática da autocompaixão e do perdão familiar, fortalece o sistema imunológico e melhora a qualidade dos relacionamentos interpessoais.
Essas descobertas confirmam o que Muñoz observa em sua clínica. Enquanto permanecemos presos à raiva ou à culpa, seguimos repetindo as histórias que nos feriram. Quando compreendemos o contexto de quem nos criou, suas carências, frustrações e tentativas, conseguimos nos libertar do papel de vítimas e assumir o papel de protagonistas da própria história.
Compaixão não significa esquecer nem justificar. Significa entender o humano por trás das atitudes. É reconhecer que amar nem sempre é saber como fazer isso bem.
Quando conseguimos olhar para nossos pais como pessoas que também tentaram sobreviver, a dor se transforma em lucidez. A partir desse ponto é possível reescrever a relação, mesmo que em silêncio, dentro de nós.
Portanto, olhar para os pais com compaixão é um exercício de maturidade emocional e também de amor próprio, pois ao perdoá-los libertamos a nós mesmos. A cura acontece quando deixamos de esperar o amor ideal e passamos a honrar o amor possível.
A compreensão substitui o julgamento, o ressentimento dá lugar à paz e o passado se transforma em aprendizado. Nesse gesto, o amor encontra sua forma mais serena e verdadeira.
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