A psicanalista Claudia Molinna é também advogada, especialista em Direito Penal e Médico. Foi uma das primeiras Delegadas da Mulher no Brasil e fundadora da tropa de elite da Polícia Civil de Pernambuco, o GOE - Grupo de Operações Especiais. Atualmente, é vice-presidente da Associação dos Delegados e Delegadas da Polícia Civil do Estado de Pernambuco
Vivemos em uma época em que o valor das pessoas é medido pela quantidade do que fazem. Trabalhar sem pausa virou sinônimo de virtude. Muitos se orgulham de dizer que não têm tempo, como se o descanso fosse um luxo e não uma necessidade vital. Mas o excesso de ação cansa o corpo, confunde a mente e endurece o coração.
O filósofo sul-coreano Byung-Chul Han afirma que a sociedade contemporânea sofre da “violência da positividade”, uma compulsão por desempenho que transforma o ser humano em máquina. Para ele, o excesso de atividade não nos torna livres, mas exaustos. Assim, é justamente na pausa que reencontramos a liberdade de ser.
Descansar também é produzir. Quando paramos, o corpo se reorganiza, o pensamento encontra clareza e o espírito se reconecta com o essencial. É no silêncio que a alma respira e o sentido volta a aparecer. Quem aprende a descansar não se torna improdutivo, torna-se mais sábio.
A pausa é um ato de inteligência. Nela, o cérebro consolida memórias, o coração desacelera e a criatividade floresce. As grandes ideias não nascem no barulho da urgência, mas no espaço tranquilo entre uma respiração e outra. Quando descansamos, não deixamos de criar, apenas deixamos que o inconsciente trabalhe em paz.
O mundo moderno idolatra a pressa e esquece que toda colheita depende do tempo. Nenhum campo floresce sem antes descansar. Nenhuma mente produz em excesso sem adoecer. A natureza, sábia, se recolhe no inverno para renascer na primavera. O ser humano também precisa de seus invernos interiores, de momentos de recolhimento, de não fazer.
Descansar é reconhecer limites, respeitar o próprio ritmo, aceitar que a pausa é parte do ciclo. É nesse intervalo que se restaura a força, que se cura o invisível, que se prepara o novo. A pausa não é perda, é potência.
Quem descansa com consciência volta mais forte. Trabalha melhor, sente melhor, vive melhor. O descanso devolve o eixo, acalma o coração e ensina o valor do tempo. Porque produtividade não é fazer muito, é fazer bem.
A excelência não nasce da exaustão, mas do equilíbrio. E o equilíbrio começa quando entendemos que parar não é desistir, mas confiar e permitir que a vida respire dentro de nós.
Que cada um aprenda o valor do silêncio, da pausa e da serenidade, pois descansar é uma forma profunda de continuar e se preparar para florescer de novo.
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