Demitri Túlio é editor-adjunto do Núcleo de Audiovisual do O POVO, além de ser cronista da Casa. É vencedor de mais de 40 prêmios de jornalsimo, entre eles Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP), Embratel, Vladimir Herzog e seis prêmios Esso. Também é autor de teatro e de literatura infantil, com mais de 10 publicações
Foto: CARLUS CAMPOS
Demitri Túlio: Cucas, demissões e as facções
Carlus Campos, tudo bem? Camarada, ainda não escrevi uma linha da crônica. Mas irei falar sobre a violência das facções e o desmantelamento dos Cucas na periferia de Fortaleza. Em destaque, abordarei o Cuca do Vicente Pinzón que está com as obras paralisadas. No bairro, já são mais de 12 assassinatos em dois meses.
Em vez de armas e homicídios, sua arte retrataria meninas e meninos disputando livros, poesias, palavras, letras e possibilidades. Estariam numa batalha de slam no meio da rua ou num Cuca imprescindível.
Slam, você sabe Carlus Campos, são aquelas poesias certeiras de improviso e repentes arrebatadores.
Pois veja! A crônica começa com a situação delicada e grave no Vicente Pinzón e entorno de lá. O medo no território paralisou as aulas em pelo menos 16 escolas. Não há segurança pública suficiente, ofertada pelo Estado e pelo Município, para alunos, alunas, mães, funcionários e professores irem e virem, sem temor, no bairro.
"Uma fonte me fez um alerta, há um Cuca em construção e com obras paralisadas pela Prefeitura de Fortaleza"
Não é exagero e somente tem dimensão do horror quem sobrevive num lugar territorializado pelo crime.
Uma fonte me fez um alerta, há um Cuca em construção e com obras paralisadas pela Prefeitura de Fortaleza. Exatamente no Vicente Pinzón! Evandro (PT) responsabiliza Sarto (PT) e Sarto responsabiliza Evandro...
"O equipamento multicultural, idealizado e executado pela ex-prefeita Luizianne Lins (PT), atalhou com prevenção o assassinato e o batismo de centenas de meninos e meninas no crime"
É parte de uma rede de proteção muito mais eficiente do que armas e viaturas para a Guarda Municipal. Mais absoluta, preventivamente, do que novos presídios construídos pelo Estado, inclusive um de segurança máxima, e a blindagem de mais de uma centena de viaturas da SSPDS.
Não estou confundindo o que é papel do Município e do Estado na área da paz coletiva, não. É proposital o entrançado porque as redes de proteção precisam ser mais integradas - para além do bélico e das carradas de prisões.
"É uma incoerência mais de 292 trabalhadores demitidos nos cinco Cucas localizados em bairros dominados pelas facções"
Por último, é uma incoerência mais de 292 trabalhadores demitidos nos cinco Cucas localizados em bairros dominados pelas facções - Barra do Ceará, Pici, Mondubim, José Walter e Jangurussu.
Nos cinco equipamentos, a principal política pública municipal voltada para adolescência e juventude perdeu viço e desandou para garotas e garotos que não têm perspectiva num lócus faccionado.
"a violência sem controle das facções atravessa de assassinatos e medo os bairros desprivilegiados. E vai invadir, ainda mais, o cotidiano dos bacanas. E sem poesia nem slam..."
A crônica não está tão crônica, eu sei. Até começou crônica, mas a violência sem controle das facções atravessa de assassinatos e medo os bairros desprivilegiados. E vai invadir, ainda mais, o cotidiano dos bacanas. E sem poesia nem slam...
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