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O pai do rock
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Marcos Sampaio é jornalista e crítico de música. Colecionador de discos, biografias e outros livros falando sobre música e história. Autor da biografia de Fausto Nilo, lançado pela Coleção Terra Bárbara (Ed. Demócrito Rocha) e apresentador do Programa Vida&Arte, na Nova Brasil FM

Marcos Sampaio arte e cultura

O pai do rock

As boas histórias do rock passam sempre por exageros, bad trips, experiências trágicas, alucinações e uma briga constante por quebrar regras de moral e boa conduta. No meio dessa briga contra o estabelecido, a diversão é garantida
Tipo Opinião
Robert Plant e Jimmy Page do Led Zeppelin (Foto: Divulgação)
Foto: Divulgação Robert Plant e Jimmy Page do Led Zeppelin

Na última segunda-feira, dia 13, foi celebrado o Dia do Rock. E já se vão muitas décadas desde que aceleraram blues, jazz e folk, misturaram com country até chegar a um dos mais poderosos instrumentos da cultura pop. Elemento fundamental da estratégia de dominação cultural norte-americana, o rock se espalhou pelo mundo à medida que foi ganhando uma infinidade de subgêneros.

Mas, ainda assim, não falta quem queira resumir o rock a uma ou duas palavras. "É atitude", diziam nos anos 1990. Transgressão, luta, barulho, provocação, e por aí vai. Atrevo-me a acrescentar mais uma definição: rock é o que é contra, seja lá contra o que. Desconfie do seu ídolo roqueiro no dia que ele disser que está tudo certo no mundo ou quando elogiar algum comportamento. É do rock ser mal comportado e apontar para o que é torto, errado e merecedor de denúncia.

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Mais recentemente, o maestro Dante Mantovani traçou uma linha de raciocínio (podemos chamar assim?) que liga rock, drogas, sexo, aborto e satanismo. Não entendo como o aborto entrou nessa história, mas o resto não deveria incomodar muita gente. "Sexo, drogas e rock and roll" é o lema básico para quem decide pegar numa guitarra e montar uma banda. O satanismo nem tanto, mas seu símbolo maior é uma figura onipresente na história do rock.

Desde que pioneiros como Buddy Holly, Little Richard, Elvis Presley e o endiabrado Jerry Lee Lewis começaram a chacoalhar as cadeiras se instaurou o medo da juventude se afastar da Igreja. Um exagero contra impulsos naturais dos jovens, que só querem tirar um sarro, como diria Rita Lee. A propósito, a sacerdotisa do rock nacional colocou sua voz angelical a serviço da esfumaçada "Ave, Lúcifer", num deboche que até invoca o dito cujo em uma bandeja.

Lembrando ainda que os famosos chifrinhos não fazem referência à fidelidade dos casais roqueiros. Até o santo Bono Vox já encarnou Mefistófeles na turnê ZooTV. Desde que o blueseiro Robert Johnson fez negócios com o senhor das trevas, este sempre vem dar uns toques por aqui. Não sei em troca de quê, mas Mick Jagger até abre espaço para que o diabo mostre seu currículo em "Sympathy for the devil".

Nem sempre essa relação é saudável. John Lennon teve que se explicar por insinuar que os Beatles eram maiores que Deus. O ACDC teve problemas quando o disco "Highway to hell" foi envolvido numa série de crimes. Menos preocupados, o Led Zeppelin foi acusado de incluir uma mensagem subliminar em "Stairway to heaven" que evocaria o capeta. Para ouvi-la, era preciso tocar o LP de trás pra frente. "Você tem que ter muito tempo livre para até mesmo considerar que alguém se prestaria ao serviço", menosprezou o vocalista Robert Plant. Mas é verdade que o mito das mensagens escondidas pra quem ouve um disco de trás pra frente (?) ultrapassa o mundo do rock e já atingiu até a Xuxa, o que prova que não se deve levar a sério.

Notas musicais

Cinco anos depois de "Rattle that Lock, David Gilmour lança nas plataformas digitais um novo single. Em "Yes, I have ghosts", o ex-guitarrista do Pink Floyd se acompanha da filha Romany, na voz e na harpa. Como uma canção de ninar, a balada foi inspirada no romance "A Theatre dor freamers", de Polly Saamson, esposa de David.

A Universal Music vai relançar "Goats Head Soup", álbum de 1973 dos Rolling Stones, em vários formatos. Box de luxo, CD, vinil, K7, livro de fotos, faixas inéditas e até a participação de Jimmy Page, em "Scarlet", fazem parte do pacote previsto para setembro. O sucessor de "Exile on Main St." apresentou faixas como "Angie" e "Dancing with Mr.D".

O novaiorquino Rufus Wainwright não é muito popular por aqui, mas é dono de um belo timbre. Ele acaba de lançar um novo álbum, "Unfollow the rules", e o clipe de "Devils and Angels (Hatred)", onde abusa de maquiagens, cenários e figurinos. "É sobre o que está acontecendo no mundo hoje. Estamos no meio de uma 'guerra' que precisa ser vencida e, para isso, é necessário um espírito de cachorro, uma atitude triunfante", explica o cantor.

Com 41 anos de história, os Pretenders estão às voltas com o lançamento de um novo disco. "Hate for Sale" é o 11º álbum da banda liderada pela super Chrissie Hynde, que segue com energia de sobra. A faixa que dá nome ao lançamento prova isso ao prestar uma homenagem à banda The Damned. Com 10 faixas assinadas por Hynde com o guitarrista James Walbourne, o álbum foi produzido por Stephen Street.

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