
O que O POVO pensa sobre os principais assuntos da agenda pública
O que O POVO pensa sobre os principais assuntos da agenda pública
Reportagem publicada na edição de ontem, assinada pelo jornalista Kleber Carvalho, relata as dificuldades que as pessoas com deficiência (PCD) enfrentam para se transitarem pela Cidade. Graves problemas persistem no transporte público e também no sistema particular de aplicativos.
Veja-se o caso de um estudante de Design da Universidade Federal do Ceará (UFC). Cadeirante, ele depende do elevador para conseguir entrar no ônibus. Mas, "é uma sorte" encontrar um veículo com o equipamento funcionando, diz ele, citando a linha 350, que liga o terminal da Lagoa à avenida José Bastos.
Dentro do coletivo, outro obstáculo: o cinto que deveria dar estabilidade à cadeira de rodas durante a viagem apresenta constantes problemas na trava.
O defeito no equipamento leva a situações dramáticas, como o caso de uma técnica de enfermagem, mãe de uma criança cadeirante, de 12 anos, que caiu ao tentar segurar a cadeira do filho, instável por defeito na trava. Ela sofreu um corte profundo na perna, mesmo assim, segundo o relato, foi deixada para trás pelo motorista.
A falta de empatia também é comum no dia a dia das PCD, inclusive por parte de outros passageiros. Uma gestora esportiva, com dificuldade de locomoção causada por paralisia cerebral, tem dificuldade de manter-se em pé, precisando sentar-se assim que entra no coletivo.
No entanto, ela conta haver passageiros que relutam em desocupar as cadeiras destinadas a pessoas com mobilidade reduzida. Outras vezes, os motoristas arrancam, antes que ela possa chegar ao assento.
Quanto se trata das plataformas de transporte por aplicativo, de moto ou de carro, os obstáculos também são muitos. Uma pessoa cega e outra cadeirante, ouvidas pela reportagem, dizem que o cancelamento de corrida é comum quando o condutor percebe que o atendimento é para uma pessoa com deficiência.
Consultada pela reportagem, a Empresa de Transporte Urbano de Fortaleza (Etufor) respondeu que 100% da frota de ônibus de Fortaleza dispõe de elevadores. Afirma ainda que são realizadas fiscalizações regulares nos veículos.
A Associação Brasileira de Mobilidade e Tecnologia (Amobitec), representante de empresas como Uber e 99, afirma que as plataformas realizam treinamento com os "parceiros" para garantir a acessibilidade das pessoas com deficiência.
As respostas obtidas, tanto do setor público quanto do privado, resumem-se a explicações formais, que não se sustentam frente ao relato das fontes ouvidas na reportagem. Uma realidade que atinge mais de 240 mil pessoas com deficiência que vivem em Fortaleza.
Se o setor público faz fiscalizações frequentes nos coletivos e mesmo assim os problemas persistem, é uma forte indicação que o serviço precisa ser melhorado; o mesmo vale para os aplicativos.
Quanto à falta de solidariedade é uma questão individual, talvez um sinal dos tempos, mas merecia uma boa campanha de esclarecimento.
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