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O que muda se a data da eleição mudar
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Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista

Érico Firmo política

O que muda se a data da eleição mudar

Tipo Análise
Campanha eleitoral, este ano, poderá ocorrer 42 dias depois do previsto
 (Foto: DIVULGAÇÃO)
Foto: DIVULGAÇÃO Campanha eleitoral, este ano, poderá ocorrer 42 dias depois do previsto

Passou no Senado a mudança da data das eleições municipais, mas o caminho não será tão simples na Câmara dos Deputados. Hoje ainda não há votos disponíveis e o presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ), segura a votação. A oposição topa o adiamento, mas o centrão, principalmente, resiste. Não é desprezível a chance de a eleição ser mantida para 4 de outubro.

Contudo, o movimento de cúpula das instituições é pelo adiamento. A proposta articulada com Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e aprovada no Senado joga a votação para 15 de novembro. Adiamento de um mês e 11 dias. O segundo turno fica para 29 do mesmo mês.

Com isso, todo o cronograma é empurrado para frente. As convenções para oficializar candidaturas, que originalmente ocorreriam de 20 de julho a 5 de agosto, ficam para 31 de agosto a 16 de setembro. A campanha, que começaria em 16 de agosto, vai para 26 de setembro.

Esses 42 dias fazem diferença do ponto de vista político? Fazem sim. Sobretudo para o grupo político que governa o Ceará e adora usar prazos até o limite, esperar os movimentos adversários e agir de forma reativa. O palanque governista em Fortaleza não está montado, é só indefinição. Ainda há arranjos que se tenta acertar, como um entendimento com o PT e quem sabe até com MDB. Em contrapartida, a candidatura de Capitão Wagner (Pros) já colocou seu bloco e seu discurso na rua há algum tempo. Talvez para Wagner fosse bom a campanha começar amanhã.

Isso não quer dizer que a base governista precise desses 42 dias extras para tomar decisões. Claro que as estratégias estão traçadas. Está tudo na cabeça dos articuladores, falta sacramentar e anunciar. Fazer daqui a um mês ou dois meses não tem tanta diferença.

Mais diferença talvez faça o segundo turno mais curto. Ele ocorreria 21 dias após o primeiro turno, mas a proposta aprovada no Senado reduz o intervalo para 14 dias. Um terço a menos do tempo. Isso pode fazer diferença. Menos tempo de segundo turno beneficia quem terminar o primeiro turno na frente. Fica menos tempo para reverter tendências. Pelas pesquisas prévias feitas até aqui, Capitão Wagner larga na frente, mas isso não significa que terminará o primeiro tempo na liderança - nem adversário ele conhece ainda. Porém, em tese, ele pode se favorecer nesse aspecto. Percebe como algumas coisas podem jogar a favor de uns e outras a favor de outros.

Outra grande mudança é no peso que a pandemia de Covid-19 terá na eleição. Obviamente será o tema preponderante, mas 42 dias podem mudar o contexto em que ocorre o debate. A torcida é para que o coronavírus tenha arrefecido até lá. O peso do tema e a forma de abordagem podem mudar. O próprio sentimento que envolve o assunto.

De todo modo, está óbvio que a decisão de adiar a eleição não deve ser tomada com base em interesses das candidaturas, mas por razões de saúde. Como será esta campanha? O corpo a corpo, os comícios, as caminhadas? Não é tão simples e não é só a votação. Por outro lado, a mudança no calendário tem, naturalmente, efeitos políticos e eles pesarão na mudança ou não da data.

 

Romildo, o sobrevivente

Numa reviravolta um tanto surpreendente, Romildo Rolim volta ao comando do Banco do Nordeste (BNB). Ele foi substituído no começo do mês, mas o novo presidente, Alexandre Borges Cabral, foi exonerado 24 horas depois, com a revelação de denúncias contra ela da época em que dirigia a Casa da Moeda.

Rolim assumiu o comando do BNB no finzinho de 2017, no governo Michel Temer e sob as bênçãos do MDB. Foi raro dirigente que sobreviveu na migração de Temer para Jair Bolsonaro. Nos primeiros meses da nova gestão, cogitava-se até a incorporação pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) ou a privatização. Rolim foi ficando. No fim de 2019, sua saída foi dada como certa. Só se concretizou neste mês, mas foi logo revertida.

Rolim tem gestão bem avaliada. Para se segurar em outros momentos, contou com apoio de parlamentares nordestinos. O retorno de agora é coisa que não ocorre sem respaldo político.

 

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