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Alexandre Borges Cabral foi exonerado pouco mais de 24 horas na Presidência do BNB e novo nome deve ser indicado
Economia

Alexandre Borges Cabral foi exonerado pouco mais de 24 horas na Presidência do BNB e novo nome deve ser indicado

Durou pouco mais de um dia a gestão de Alexandre Cabral; o diretor financeiro, Antônio Jorge Pontes Guimarães Júnior, assumiu de modo interino
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ALEXANDRE Borges Cabral tomou posse na terça-feira, 1º de junho, no BNB e já foi destituído do cargo (Foto: JÚLIO CAESAR)
Foto: JÚLIO CAESAR ALEXANDRE Borges Cabral tomou posse na terça-feira, 1º de junho, no BNB e já foi destituído do cargo

No dia seguinte à posse na Presidência do Banco do Nordeste do Brasil (BNB), Alexandre Borges Cabral foi destituído do cargo. No lugar dele, fica interinamente Antônio Jorge Pontes Guimarães Júnior, diretor financeiro e de crédito da instituição — função a qual ficará acumulando até que seja eleito o presidente definitivo.

Alexandre é investigado por suspeitas de irregularidades em contratações feitas pela Casa da Moeda durante sua gestão, em 2018. O prejuízo é calculado em R$ 2,2 bilhões. A investigação, divulgada pelo jornal Estado de S. Paulo, teria influenciado a decisão do Palácio do Planalto de voltar atrás. Durante a posse, o agora ex-presidente chegou a criticar a vinculação de sua escolha a articulações políticas entre o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e o chamado Centrão. Ele alegava que sua indicação foi apenas técnica.

Funcionário de carreira do BNB, Alexandre teria sido indicado pelo Partido Liberal (PL), liderado pelo ex-deputado Valdemar Costa Neto (condenado no escândalo do Mensalão do PT), com apoio do PTB. Também negou ter chegado à Presidência da Casa da Moeda do Brasil por recomendação de Roberto Jefferson (PTB), ainda na gestão de Michel Temer (MDB). "Gostaria de declarar que não conheço esses dois cidadãos, não tenho o telefone, não mantive contato. O que aconteceu é que uma jornalista do Estadão divulgou isso. O pessoal copia e cola e sai reverberando na mídia", declarou durante a solenidade. "Minha indicação foi técnica. Essa história de dizer que é indicação política é fake news", afirmou.

Em nota, o BNB informou que, "sobre as notícias recentemente veiculadas", tomou conhecimento do conteúdo somente por meio da mídia. "Assim sendo, reitera seu compromisso de transparência e tempestividade de comunicação dos fatos aos seus acionistas", disse. A entrega do comando do Banco a indicações por partidos do Centrão ratificou a troca de cargos por apoio no Congresso a Bolsonaro, uma prática outrora condenada por ele.

Para o economista e ex-deputado federal Firmo de Castro, autor do projeto do Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste (FNE) na Constituição de 1988, a situação demonstra que o Nordeste é uma região politicamente desafiada e fragilizada. "Lamento profundamente esse tipo de fato. Isso é uma comprovação clara de que a questão regional e, particularmente, os bancos regionais, não são tratados com a devida responsabilidade", avaliou. "Essa é uma questão secundária para esse governo, como foi para os outros anteriores".

Firmo pondera que, apesar do cenário de incertezas, o Banco tem uma capacidade de sobrevida em razão da administração atuante. Ele defende como necessária a definição rápida sobre o futuro da gestão. Ele destaca o nome de Antônio Jorge como profissional de carreira e com a experiência de ter atuado ao lado do então presidente Romildo Rolim. O economista Célio Fernando Melo reitera que o nome escolhido garante a continuidade da gestão anterior, amenizando os impactos negativos que poderiam ser gerados em uma mudança repentina.

"Do ponto de vista técnico, o Banco não teve nenhum arranhão. O Antônio Jorge era quem conduzia a parte financeira e tem excelente qualificação técnica. O BNB continua firme e forte", afirmou. Procurado para saber sobre como tem acompanhado e como pretende agir sobre a crise em torno da instituição, o Consórcio do Nordeste não se pronunciou sobre o assunto.

"Se não fosse o BNB, estaríamos em uma situação ainda pior", afirma Assis Cavalcante, presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Fortaleza (CDL), que frisa a importância da instituição financeira para o desenvolvimento econômico.

Ele diz que o Banco do Nordeste é fundamental para os pequenos empreendedores, que foram duramente afetados pela crise do novo coronavírus. Segundo ele, a instituição tem sido crucial para reduzir os efeitos econômicos da pandemia. "O Banco tem um papel fundamental e tem exercido sua função social. Se não fosse por ele, nós, do varejo e pequenos lojistas, estaríamos em uma situação bem pior".

Acrescenta ainda que os empréstimos concedidos pelo BNB estão com uma taxa de juros de 3% ao ano, facilitando o acesso ao crédito aos que enfrentam dificuldades financeiras neste momento crítico da economia. Assis acredita que a gestão provisória deverá conseguir atender à crescente demanda e a necessidades regionais. "O Antônio Jorge é um excelente profissional, altamente qualificado e cumpre seu papel. Mesmo que seja por um período transitório, o BNB está nas mãos de uma pessoa preparada e confiável", destaca, lembrando que a gestão anterior, de Romildo Rolim, trouxe resultados positivos. Ele diz torcer para a escolha do novo presidente manter o padrão técnico e de funcionário de carreira.

Veja como foi o discurso de posse de Alexandre Borges Cabral:

 


A instituição

Quem é o presidente interino

Antônio Jorge Pontes Guimarães Júnior é bacharel em Ciências da Computação, possui especialização em Negócios Internacionais, além de pós-graduações em Gestão de Negócios, Gestão Empresarial, Administração Financeira e em Auditoria e Controladoria. Dentre as funções desempenhadas na instituição se destacam a de diretor Financeiro e de Crédito, superintendente nas áreas de Tecnologia da Informação, de Operações Financeiras e de Mercado de Capitais, e superintendente regional na Bahia.

Composição da Direção Executiva do BNB

Antônio Jorge Pontes Guimarães Júnior (presidente e diretor financeiro)

Haroldo Maia Júnior (diretor de Administração)

Cornélio Farias Pimentel (diretor de Controle e Risco)

Perpétuo Socorro Cajazeiras (diretor de Planejamento )

Sandra dos Santos Souza Lisbôa (diretora de Ativos de Terceiros)

Wanger Antonio de Alencar (diretor de Negócios)

 

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