PDT perto da definição do candidato a prefeito de Fortaleza
Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista
Daqui a 29 dias, não tem jeito: o cenário eleitoral estará definido. Daqui a duas semanas, começa o prazo para realização das convenções que oficializarão as candidaturas, o prazo termina em 16 de setembro. A definição mais importante que falta - como sói acontecer desde que os Ferreira Gomes são governo - é na base do prefeito Roberto Cláudio. Os debates realizados pelo PDT terminam na semana que vem, quando haverá participação dos partidos aliados. Até para não ser grosseiro, nada será definido até lá. Então, as conversas irão afunilar. A intenção é que o nome do candidato esteja na rua no começo de setembro - isso é, daqui a duas semanas.
A margem para empurrar a decisão para depois não é grande. Menos de duas semanas.
As rodadas de debate mudaram o cenário? Bem, serviram de base para apresentar algumas ideias de programa para o PDT. Dos mais experientes - notadamente José Sarto e Salmito Filho - confirmou-se o que já se sabia. Sarto começou meio morno e depois começou a mostrar mais ímpeto e postura de quem quer ser candidato. Idilvan foi o último nome a surgir e tem se destacado pelo estilo mais despojado, o uso do humor. E trouxe elemento que ele mesmo declara: foi convidado pelo prefeito Roberto Cláudio para ser pré-candidato. Sarto, Salmito e Samuel eram nomes cogitados de longa data. Ferruccio Feitosa foi pré-candidato em 2012. Idilvan disse que não passou pela cabeça dele concorrer. Quando colocou o nome, relata, a mãe dele perguntou se estava ficando doido. Então, por que o prefeito pediu para ele se colocar? Para fazer número? Para ficar mais bacana um debate com cinco e não com quatro? Pode ser, mesmo. Para dar molho a esse processo. Ou pode ser mais uma das jogadas que RC e Cid Gomes tanto gostam, de surpreender a todos, inclusive os aliados.
Samuel Dias era outro fator novo. Com menos exposição pública até hoje, era talvez o que estava mais em teste. Tem se saído bem. Entrou forte no páreo e assim segue.
As hipóteses para a melhora da avaliação de Bolsonaro
As avaliações mais comuns creditam a melhora da avaliação do presidente Jair Bolsonaro aos R$ 600. Não creio que seja apenas isso, embora o auxílio a grande parte da população em momento de crise tenha enorme efeito. Não adianta argumentar que a proposta do governo era pagar apenas R$ 200. Que a oposição pressionou por um valor maior e o governo teve de ceder. Tudo isso é fato, mas a maior parte da população não acompanha esses trâmites e pouco liga para esses debates. Quando o dinheiro sai, é pela ação do governo e ele se beneficia. Porém, acho que achar que a avaliação positiva de Bolsonaro se deve apenas a isso é tão equivocado quanto atribuir a aprovação que Luiz Inácio Lula da Silva (PT) teve apenas ao Bolsa Família. Há mais elementos.
Plano de Bolsonaro dá certo para ele, mas "história será implacável", dizem jornalistas. Ouça o podcast:
A continuidade do auxílio emergencial ainda é dúvida. A posição majoritária no governo é pagar um valor menor até março de 2021. Bem, se assim for será possível medir o tamanho do peso dessa ajuda na avaliação de Bolsonaro. Observar o impacto da redução, no primeiro momento, e da retirada posteriormente.
Um fator que considero crucial, menos para aumentar a avaliação positiva e mais para reduzir a avaliação negativa: Bolsonaro está mais quieto. Ainda profere suas pérolas, mas o volume foi drasticamente reduzido. Notadamente desde a prisão de Fabrício Queiroz. O que foi visto como momento que o atingia politicamente pode tê-lo empurrado a uma postura capaz de melhorar a popularidade do presidente. Esse Bolsonaro mais controlado talvez tenha durabilidade menor que a do auxílio emergencial.
A melhora da avaliação de Bolsonaro, portanto, não representa uma mudança da opinião da população sobre Bolsonaro. Ela coincide com novidades concretas tanto na ação do governo quanto na postura do presidente. Nem uma coisa nem outra têm duração permanente.
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