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Onde termina a gestão Roberto Cláudio e onde começa a campanha de Sarto
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Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista

Érico Firmo política

Onde termina a gestão Roberto Cláudio e onde começa a campanha de Sarto

Tipo Opinião
Élcio Batista, Sarto e Roberto Cláudio visitaram IJF 2, entregue dois dias antes pelo prefeito (Foto: DIVULGAÇÃO/CANDIDATURA DE SARTO)
Foto: DIVULGAÇÃO/CANDIDATURA DE SARTO Élcio Batista, Sarto e Roberto Cláudio visitaram IJF 2, entregue dois dias antes pelo prefeito

Nos primeiros dias de campanha, a estratégia de José Sarto (PDT) é colar na imagem da administração Roberto Cláudio (PDT). A estratégia plebiscitária é praxe. Mas, em Fortaleza, tem tido uma particular ênfase. Na terça-feira passada, o prefeito e o governador Camilo Santana (PT) entregaram novas instalações do Instituto José Frota, no chamado IJF 2. Ontem, Sarto visitou IJF e IJF 2. Como candidato, a lei o impede de estar em inaugurações. A saída foi ir no dia seguinte. As ações convergem e as agendas se espelham.

É regra que os candidatos de situação sejam atrelados às imagens dos governos, mas desta vez há uma diferença. Juraci Magalhães elegeu Antonio Cambraia (1992), Luiz Inácio Lula da Silva (PT) elegeu Dilma Rousseff (2010), Luizianne Lins tentou eleger Elmano de Freitas (2012) e Cid Gomes elegeu Camilo Santana (2014). Dá mais certo que errado. Quanto mais bem avaliada a administração, maior a chance de sucesso.

Numa gestão com avaliação positiva, quando alguém vem de dentro da administração esse vínculo se torna mais simples. A diferença? Cambraia, Dilma, Elmano e Camilo vieram de dentro dos governos que os apoiou. Não é o caso de Sarto. Talvez por isso, a estratégia de colá-lo à gestão é por vezes mais agressiva.

O prefeito tem intensificado as inaugurações. Desde a sexta-feira da semana passada, foram pelo menos duas areninhas, dois ecopontos e a ala do IJF 2. O mandato está chegando ao fim e o prefeito entregará o que conseguir. Se possível, inaugurará antes da campanha. É do jogo. E isso se reflete em benefício do candidato que apoia. Também é do jogo. Mas, por vezes, fica difícil saber onde termina a administração e onde começa a campanha.

Bem antes de se definir quem seria o candidato, o prefeito tinha avaliação de que a coisa mais importante para a candidatura governista seria a avaliação da administração municipal. Se a gestão estivesse mal avaliada, a derrota seria certa independentemente de qual candidato fosse escolhido.

A estratégia governista precisa cumprir alguns passos: mostrar o que a gestão faz, vincular Sarto a essas ações e, ainda, mostrar que Sarto não é um “poste” e tem personalidade própria. Isso tudo em um mês e meio de campanha.

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Uma improvável vitória trabalhista

Os últimos anos têm sido marcados por enfraquecimento de sindicatos e mudanças de legislação que diminuem direitos trabalhistas. Chega a ser inusitada, nesse cenário, a vitória obtida por trabalhadores dos hospitais universitários da Universidade Federal do Ceará (UFC). Após obterem vitórias judiciais, foi firmado acordo com a UFC para que seja paga indenização a 80 trabalhadores demitidos da Maternidade Escola Assis Chateaubriand (Meac) e do Hospital Universitário Walter Cantídio (HUWC). Os trabalhadores receberão R$ 7 milhões, além de outros R$ 3 milhões já depositados em juízo.

A briga vem desde 2013, quando o Ministério da Educação, ainda no governo Dilma Rousseff (PT), deu prazo até 31 de dezembro de 2015 para substituição dos trabalhadores contratados por meio da Sociedade de Assistência a Maternidade Escola Assis Chateaubriand (Sameac). O vínculo empregatício dos funcionários era considerado precário e eles deveriam ser substituídos por trabalhadores contratados por meio da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), criada no começo do governo Dilma para gerir os hospitais.

A forma de contratação dos funcionários remonta à década de 1960, quando a Meac começou a funcionar. A substituição dos trabalhadores por concursados é correta, entendo eu. Essa distorção deveria ter sido corrigida desde a Constituição de 1988, mas aquele modo de contratar - com flexibilidades e conveniências para os gestores - foi mantido até 2015. Quando se decidiu corrigir, o problema passou a ser o que fazer com os mais de 700 funcionários que seriam postos na rua. Eles seriam devolvidos pelos hospitais à Sameac, que alegou não ter dinheiro para pagar as rescisões. Foi aí que começou a briga, encampada pelo grupo da ex-prefeita Maria Luiza Fontenele, de Rosa Fonsêca, Jorge Paiva e Célia Zanetti - o Crítica Radical.

A disputa parecia inglória. Dos mais de 700 trabalhadores, 80 ficaram até o fim da ação e serão beneficiados. Mais de 600 desistiram pelo caminho. Quem saiu antes também receberá rescisão, referente ao período até 2016. Quem ficou até agora será indenizado pelo período até 2020. O modo pelo qual foram feitas as demissões foi considerado ilegal pela Justiça. Desde então, os trabalhadores se declaravam em greve. Conseguiram uma vitória na qual nem os sindicatos acreditavam.

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