Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista
Chega perto do fim a mais atípica campanha em muito tempo, fora de época, cujos atos políticos foram suspensos nessa reta final em Fortaleza. A campanha de rua foi praticamente suspensa por decisão da Justiça Eleitoral em função da pandemia. Isso é fácil entender, difícil é saber por que se deixou correr até aquele momento. Inclusive com o governista José Sarto (PDT) tendo contraído Covid-19 no período eleitoral. As próximas 48 horas são o momento crítico. Na Capital e mais ainda no Interior. Não é apenas quando tende a haver mais desrespeito a normas sanitárias. Isso exigirá muita vigilância para conter. As autoridades não darão conta. Quem pode fiscalizar e punir, com o voto, é o eleitor. Tem candidato que, no aperreio final, fará de tudo. Inclusive, é nesse período que se concentram casos de compra de voto. Já têm havido flagrantes, ações da Polícia Federal a respeito, até em vídeo de vereador fazendo pagamento apareceu, em Ocara. Pior ainda é o risco de violência - justificadamente foi pedido reforço federal na segurança. Em 2018 houve alguns episódios. Em Santa Quitéria, nesta eleição, é investigada suposta ação de facção criminosa com vistas à eleição. A situação da segurança se complica mais quando há situações como o afastamento de quatro policiais por suspeita de compra de voto em Mombaça, Acopiara e Iguatu.
É duvidoso o impacto eleitoral de um caso de 23 anos atrás, mas é previsível que esses questionamentos ao histórico surjam em eleições. Foi depois do episódio que se intensificou a aproximação maior de Sarto com o grupo Ferreira Gomes. Após a eleição de 1998, ele deixou o PMDB e o grupo de Juraci Magalhães.
A história da tal verba de televisão já ressurgiu em outros momentos. Em 2005, quando Francisco Aguiar foi eleito conselheiro do hoje extinto Tribunal de Contas dos Municípios (TCM), houve um salseiro porque o hoje prefeito de Pacatuba, Carlomano Marques (MDB), fez uma lista de governistas infiéis que votariam contra Aguiar, que tinha apoio do governador Lúcio Alcântara (PSDB), e a favor de Domingos Filho, da oposição. Carlomano rasgou a lista. Numa primeira votação, Domingos levou a melhor e a decisão ficou para o dia seguinte. Sarto exercia mandato como suplente e assumiria no caso de eleição de Aguiar. Ele recolheu os papéis picados, levou à Secretaria do Governo, onde a lista foi restaurada. Correspondesse ou não à verdade, a relação de Carlomano incluía até o então presidente da Assembleia, Marcos Cals. O governo colocou nele a responsabilidade por reverter a situação. A oposição, por sua vez, cobrou Carlomano pelo gesto que entregou a estratégia. E Carlomano foi para cima de Sarto. Na sessão secreta, o tal assunto da fita da TV Manchete foi citado e Carlomano disse que participou da articulação para Sarto não ser punido. O hoje candidato a prefeito pelo PDT reagiu indignado: "Vossa excelência é um crápula", bradou na sessão, que foi interrompida. O fato é que os votos viraram, Aguiar foi eleito e Sarto foi efetivado.
Momento escolhido
Uma coisa que não entendi foi por que Wagner tratou do assunto numa live, depois de ter apenas mencionado no debate. Imaginei que ele já fazia o ensaio para o segundo turno. Mencionei como parte da guerra psicológica, para tentar desestabilizar o adversário. Mas, não imaginei que detalharia o caso tão cedo. Se pretendia tratar logo do assunto, parece-me que seria mais correto fazer a pergunta no debate. Abordar frente a frente e dar a Sarto o espaço para a responder o que tivesse a responder. Se não era assim, que não levasse para o debate, caramba. Insinuar o tema no debate e falar dele em live menos de 72 horas depois parece coisa de quem fugiu do enfrentamento direto.
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