Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista
No desenho político do Ceará feito pelos eleitores o grupo que era hegemônico ficou mais forte. Os Ferreira Gomes passaram das 49 prefeituras que conquistaram em 2016 para 66 - e tem o segundo turno em Fortaleza.
Como segunda força do Estado emergiu Domingos Filho (PSD), que foi presidente da Assembleia e vice-governador na administração Cid Gomes (PDT), virou presidente do Tribunal de Contas dos Municípios (TCM), bateu de frente com os Ferreira Gomes, viu o TCM ser extinto e se reaproximou dos velhos aliados. Domingos tem instinto de sobrevivência. O PSD disputa o segundo turno em Caucaia. Pode também ficar maior.
As duas forças cresceram não nas urnas. O aumento foi antes, nos bastidores, na filiação de prefeitos. De 49 prefeitos eleitos há quatro anos, o PDT passou a mais de 60 já hoje. O PSD, de 21 das eleições 2016, já tem hoje mais de 30. Na verdade, elegeu até menos que o que conseguiu nas negociações.
O fato é que, nas urnas e nos acordos, o controle político do Ceará está, mais que nunca, nas mãos das famílias Ferreira Gomes e Domingos Aguiar. O partido do governador Camilo Santana (PT) cresceu de 15 para 17 em relação a 2016. É hoje a terceira força.
PDT e PSD ainda estão em suas principais disputas. Os resultados em Fortaleza e Caucaia são cruciais nessa análise. Se algum dos partidos perder aquela que hoje é sua principal prefeitura, o resultado final terá sido uma derrota. Uma baita derrota.
O MDB de Eunício Oliveira sofreu a maior derrota. Das 28 prefeituras de 2016, quando era a segunda maior força do Estado, fez agora 17. Perdeu até em sua terra, Lavras da Mangabeira. Ocorre que a queda é até modesta, dada a conjuntura. Em 2016, Eunício vinha de derrota na eleição para governador, em 2014. Mas, era senador, o partido dele acabava de receber a Presidência da República, com Michel Temer (MDB), e meses depois Eunício seria eleito presidente do Congresso Nacional. Tinha muita força. Hoje, Eunício vem da derrota na eleição para o Senado, em 2018. As 17 prefeituras o deixam empatado com o PT, partido do governador. No contexto, poderia ter sido bem pior. Eunício foi quem mais perdeu espaço, mas segue relevante.
Ao lado do MDB de Eunício, caiu muito o PSDB de Tasso Jereissati. De 14 prefeituras para quatro. O partido vem em queda contínua desde o fim da década passada, quando tentou se sustentar aderindo ao governo Cid Gomes, depois rompeu e perdeu espaço.
Outra queda é do PCdoB, de oito para duas prefeituras. Tem mais impacto porque é um partido que já não era tão grande.
PSB fez movimento inverso ao do PCdoB, de 2 para 8. O partido é área de influência do governador. Deve ser observado na perspectiva do crescimento de um grupo próprio de Camilo.
Nas forças intermediárias, chama atenção o PL, com 13 prefeitos, sob o comando de Acilon Gonçalves, do Eusébio, ator que mais ganhou relevância no jogo de poder estadual. Linha auxiliar dos Ferreira Gomes, o PP segue com seu peso, indo a 10 prefeituras. Com menos força, há ainda o Solidariedade, de Genecias Noronha, com cinco prefeitos, um a menos que elegeu em 2016. E a dificuldade de ter Domingos Filho como rival nos Inhamuns.
É análise política que você procura? Veio ao lugar certo. Acesse minha página e clique no sino para receber notificações.
