Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista
Normalmente, há os indicados do prefeito que entra e outros do que sai. Como são um grupo só, José Sarto (PDT) e Roberto Cláudio (PDT) montaram uma comissão só. Assim, não fica tão evidente quem são os nomes de Sarto. Conhecer as escolhas pessoais do prefeito servirá para ver a digital própria que ele irá imprimir dentro do grupo ao qual pertence.
De todo modo, Sarto já afirmou que pretende manter alguns secretários de Roberto Cláudio. Pode ser que Samuel Dias (secretário de Governo) e Ferruccio Feitosa (Regional II) estejam na transição como cota do atual prefeito. Mas, ambos estavam na campanha de Sarto. Largam na frente entre os cotados para ficar. Assim como Renato Lima, hoje responsável pela coordenação das Regionais, e que também estava na linha de frente da campanha. Marcelo Pinheiro está na equipe e, como atual chefe de gabinete, é natural supor que ele é escolha do atual mesmo. Já ocupou cargos diversos no Estado e na Prefeitura e também pode seguir em outra função. Mas, a escolha do chefe de gabinete é daquelas opções bem pessoais mesmo. É de se esperar que Sarto indique alguém seu.
E, não apenas pela presença na transição, chama atenção o vice, Élcio Batista (PSB). Ele já assume papel de proeminência, como mostrou o colega Carlos Mazza.
4 operações
No intervalo de um mês e meio, a Polícia Federal realizou quatro operações no Ceará envolvendo Governo do Estado ou Prefeitura de Fortaleza. Em 16 de outubro, houve o cumprimento de mandados relacionados à delação da JBS. Em 3 de novembro, a investigação foi sobre o hospital de campanha do estádio Presidente Vargas. Em 24 de novembro, o ex-deputado federal Adail Carneiro foi preso com pilhas de dinheiro, em investigação sobre supostas fraudes em contratos de locação de veículos para prefeituras, inclusive na Capital. Ontem, a operação sobre empréstimos consignados, relacionada ao secretário Arialdo Pinho. E, em maio, já tinha havido operação sobre a compra de respiradores pela Prefeitura de Fortaleza.
São escândalos demais. E sabe o que mais me intriga? Excluindo os casos dos respiradores e do hospital do PV, que são desse ano, os demais são casos de muito tempo atrás. Muito noticiados. O problema não é que as operações ocorram agora. O problema é que ocorram só agora. O caso JBS envolveu as campanhas de 2010 e 2014, delatado em 2017. O caso Adail é denunciado desde 2013. As irregularidades viriam há 20 anos, desde Juraci Magalhães. O caso dos consignados foi denunciado em 2011. O contrato é de 2009 e foi rescindido em 2012. Por que demorou tanto?
As investigações vinham por todo esse tempo, ao longo de praticamente uma década? Ou estavam paradas e andaram agora? Nesse meio tempo, as personagens se mantêm proeminentes na política do Estado. A Polícia Federal tinha elementos de envolvimento deles com fraudes há tanto tempo e deixou correr? Saber se a corrupção era investigada desde lá de trás ou se o trabalho estava parado e começou a andar mais recentemente é determinante para entender como eram e como são tratadas suspeitas de corrupção. E se o tratamento varia ou não conforme os envolvidos.
O prestígio dos senadores
A história política de Fortaleza conta das diversas derrotas de Tasso Jereissati (PSDB). Aliás, Sarto é o primeiro prefeito eleito com apoio dele desde Ciro Gomes, em 1988, quando ainda estavam no PMDB. Ontem, O POVO divulgou pesquisa Datafolha que mostra Tasso como senador mais bem avaliado na Capital. Se você desdenha e conta esse como mais um erro de pesquisas, lembro que, em sua última eleição, em 2014, Tasso foi eleito com maior percentual de votos na Capital que no Interior.
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