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Roberto Cláudio sai como predileto do grupo para governo
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Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista

Érico Firmo política

Roberto Cláudio sai como predileto do grupo para governo

Tipo Opinião
Roberto Claudio quer ser governador, mas sabe que o que interessa não apenas o querer (Foto: Aurelio Alves)
Foto: Aurelio Alves Roberto Claudio quer ser governador, mas sabe que o que interessa não apenas o querer

Roberto Cláudio (PDT) sai da Prefeitura para uma temporada fora. Repete de certa forma o script de Cid Gomes (PDT) ao deixar a Prefeitura de Sobral, no começo de 2005. O agora ex-prefeito é o nome favorito no grupo para concorrer a governador em 2022.

Isso foi dito com todas as letras por Ciro Gomes (PDT) em entrevista ao jornalista Guálter George, aqui do O POVO, publicada em 3 de abril de 2017. "Roberto Cláudio, por exemplo, fatalmente está construindo um caminho que faz dele o predileto nessa fila", disse Ciro em resposta a pergunta sobre outro possível nome, o prefeito de Sobral, Ivo Gomes (PDT).

E há ainda um postulante à vaga mais antigo que ambos: Mauro Filho (PDT), como destacou em sua coluna o jornalista Jocélio Leal. Mauro diz a interlocutores que tem esse sonho. Jocélio lembra que ela já tentou se viabilizar para a eleição de 1994 — mas Tasso Jereissati (PSDB), inicialmente reticente, resolveu ir para o segundo mandato, e para o terceiro posteriormente.

Em 2014, Mauro era um dos cinco nomes dentro do Pros. O candidato acabou não sendo nenhum do então partido dos Ferreira Gomes, e sim o petista Camilo Santana. Mauro disputou o Senado — contra Tasso, que foi eleito. O mundo dá voltas.

A DISPUTA PELA ESCOLHA DO CANDIDATO

Na eleição municipal, o grupo Ferreira Gomes deu sinais de fadiga nos grandes centros. Ganhou por pouco em Fortaleza e perdeu na segunda (Caucaia), terceira (Juazeiro do Norte) e quarta maior cidade (Maracanaú). No conjunto do Estado, todavia, apenas uma mudança a partir do cenário nacional ou um racha profundo dentro do governismo estadual parece hoje capaz de derrotar o grupo na eleição para governador.

A eleição é muito influenciada pelos líderes municipais. Numa estimativa modesta, os governistas passam de 150 entre os 184 municípios. O que quer dizer que a briga para escolher quem será candidato é uma etapa importante, eventualmente decisiva, da própria definição do próximo governador.

Roberto Cláudio disse ao jornalista Carlos Mazza que a decisão de ser candidato não depende da vontade ou do trabalho dele para isso. Fala isso porque sabe como funciona o grupo ao qual pertence. RC era o predileto de Ciro em 2017 e hoje está mais forte. Fazer o sucessor era determinante. Conta pontos a favor o fato de ter sido escolhido o candidato que não era seu preferido, e ainda assim ele não ter dado nenhum sinal público de descontentamento. De ter entrado na campanha com afinco. Ele tem projeto maior que fazer o sucessor.

O ex-prefeito sabe que tem boas chances de concorrer a governador e mal disfarça que gosta da ideia. Mas sabe que não adianta se lançar, precisa ser escolhido. Ele é o predileto, mas o grupo tem outros nomes, com mais tempo de estrada e, inclusive, da Família Ferreira Gomes. Porém, como disse Ciro há quase três anos, há uma fila e Roberto Cláudio conseguiu se colocar na dianteira dela.

Voto em papel

Pesquisa Datafolha divulgada sábado mostrou que 73% dos brasileiros defendem a eleição com urna eletrônica. Ampla e previsível maioria. E houve 23% dos entrevistados que defenderam a volta do voto em papel. Incríveis 23%. É muita gente que quer voto em papel.

No segmento até 44 anos, a defesa do voto em papel fica entre 25% e 26%. A partir de 45 anos, o percentual cai para 20%. Não admira que quem viveu as eleições com voto em papel seja menos favorável.

Não era só a demora na apuração. Aquelas eleições eram mais suscetíveis a fraudes. O voto em papel de volta traria mais instabilidade a qualquer governo. Toda eleição seria contestada. Governantes tomariam posse enfraquecidos. Isso interessa a quem quer bagunçar a política e as instituições.

A propósito, o mais relevante propagador do questionamento à urna eletrônica é o presidente da República, eleito sucessivamente pela urna eletrônica, que elegeu três filhos com a urna eletrônica. E que disse que a própria eleição dele foi fraudada. Prometeu apresentar provas. Sábado vai fazer dez meses que ele não mostra.

 

Foto do Érico Firmo

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