Logo O POVO+
O papel da fé em meio à pandemia
Foto de Érico Firmo
clique para exibir bio do colunista

Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista

Érico Firmo política

O papel da fé em meio à pandemia

É possível perceber quais igrejas têm compromisso humanitário real e quais têm outros propósitos
Tipo Opinião
Estrutura na Catedral Metropolitana de Fortaleza para transmissões das celebrções (Foto: Julio Caesar)
Foto: Julio Caesar Estrutura na Catedral Metropolitana de Fortaleza para transmissões das celebrções

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Kassio Nunes Marques decidiu que governos não podem proibir a realização de atividades religiosas, como medidas de combate à pandemia. Até supermercado chegou a ser proibido em alguns lugares, em duas cidades Ceará inclusive, mas igreja não pode. Instituições estas que podem perfeitamente funcionar remotamente. Dispõem de meios de comunicação, levam sua mensagem por essas formas há décadas. Atrapalha um pouco a coleta do dízimo, mas existe PÌX para isso. Em Fortaleza, a Igreja Católica decidiu não retomar atividades presenciais. Também algumas denominações evangélicas, como a Igreja Batista Soul Livre. Outras já arregimentaram fieis no domingo mesmo. Muitos deles são idosos. Não é eticamente aceitável nenhuma postura das igrejas que não seja de proteção à vida.  Dos políticos eu até entendo a dicotomia entre economia e a saúde. Das religiões, jamais. A ocasião deixa nítido quais igrejas têm real compromisso humano e com seus fieis, quais têm preocupação em levar a mensagem acima de tudo, e quais têm outros objetivos. Deus está vendo.

A tragédia não começou ontem

Reportagem produzida pelo Data.doc, o Núcleo de Dados do O POVO, assinada pelas jornalistas Gabriela Custódio e Thays Lavor, revela os buracos na distribuição do oxigênio hospitalar no Ceará — e na informação a esse respeito, o que cria grandes dificuldades de gestão.

Uma das fontes e o professor Francisco Barbosa Neto. Ele estava, no início da década de 1990, na Secretaria de Educação Superior do Ministério da Educação (Sesu/MEC) como consultor da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) na área de Hospitais de Ensino e Residência Médica.

A estratégia era desenvolver e aprimorar usinas de oxigênio. Hospitais universitários seriam laboratório, para depois expandir para todo o SUS. A proposta confrontava oligopólios privados. Não houve continuidade e a proposta não se concretizou.

Quando ocorre uma tragédia como a do Brasil — Manaus é a experiência-limite, mas a escassez impede a expansão de leitos no País todo e pessoas morrem por isso — olhamos para o que se deixou de fazer nas últimas semanas, meses. Mas, há crises que são construídas por décadas de negligência de soluções estruturais não construídas. É revoltante saber que, há 30 anos, pensou-se em construir uma saída autônoma a partir das universidades públicas, e que isso foi abandonado.

Ah, estou aliviando com os atuais governos? De jeito nenhum, até porque essas lacunas de décadas deveriam ser monitoradas ao longo de uma pandemia de um ano. E, se a crise fosse identificada uma semana antes, que se buscasse a solução emergencial.

Sem mencionar que a forma como a ciência é hoje tratada certamente está construindo prováveis crises futuras, ao ignorar soluções que germinam agora.

Adauto Bezerra: o último do triunvirato de coronéis
Foto: Foto: Divulgação, em 13/05/1980
Adauto Bezerra: o último do triunvirato de coronéis

O fim de uma era

A morte de Adauto Bezerra marca o fim de uma era. Ele foi o último dos três coronéis que, durante a ditadura militar, dividiram e se confrontaram mais ou menos silenciosamente pelo poder no Ceará. Os outros eram Virgílio Távora e César Cals. Adauto foi o candidato derrotado por Tasso Jereissati em 1986. Ele personificava as "forças do atraso". Daí a manifestação do senador, na rádio O POVO CBN, na tarde de sábado, ter sido das mais significativas. "Apesar de nossas disputas políticas, nunca demonstrou qualquer tipo de ressentimento ou mágoa. Ao contrário, a cordialidade, a educação e a generosidade foram seus traços mais importantes."

Adauto acabou se entendendo com Tasso. Fora dos mandatos, seguiu fazendo política, com influência sobretudo no Cariri. Seguiu influente no PFL/DEM. O irmão dele, Ivan Bezerra, presidiu o Conselho de Desenvolvimento Econômico de Cid Gomes. Adauto era o mais antigo ex-governador ainda vivo.

Ele morreu dez dias depois de Aécio de Borba, com quem disputou a candidatura a governador em 1982. No impasse, sobrou para Gonzaga Mota, que abriu espaço para o fim da dinastia dos coronéis.

Ouça o podcast Jogo Político:

Foto do Érico Firmo

É análise política que você procura? Veio ao lugar certo. Acesse minha página e clique no sino para receber notificações.

O que você achou desse conteúdo?