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Elementos para bagunçar a política do Ceará
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Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista

Érico Firmo política

Elementos para bagunçar a política do Ceará

Numa eleição com Ciro e Tasso disputando a Presidência, quem teria mais votos no Ceará? E com Lula e Bolsonaro no páreo?
Tipo Opinião
Tasso Jereissati cogitado como candidato a presidente (Foto: Valter Campanato/Agência Brasil)
Foto: Valter Campanato/Agência Brasil Tasso Jereissati cogitado como candidato a presidente

Luiz Inácio Lula da Silva (PT) criou uma certa bagunça na política do Ceará com as declarações à rádio O POVO CBN sobre Camilo Santana (PT) e Ciro Gomes (PDT) na quinta-feira. “Ele faz de conta que nós todos somos um bando de imbecis, um bando de idiotas, cegos, desmemoriados, que temos que dar amém a todo tipo de contradição dele”, reagiu Ciro no dia seguinte, em entrevista à rádio Bandeirantes. Camilo reagiu diferente. Na noite da entrevista, após o Supremo Tribunal Federal (STF) confirmar a anulação das condenações de Lula. Lula mais cedo havia manifestado disposição para disputar o “coração bondoso” de Camilo, como chamou. O coração do governador retribuiu com a ligação naquela noite.

Esta semana começa com a publicação de declaração ao O Globo do presidente do PSDB, Bruno Araújo, de que há “movimento muito forte” para lançar Tasso Jereissati candidato a presidente da República. Aí é para introduzir ingrediente extra de bagunça na política cearense.

Tasso já tentou se candidatar a presidente em 2002. Foi minado em um jogo pesado de José Serra, com respaldo do Palácio do Planalto, à época sob Fernando Henrique Cardoso (PSDB). Em eleições seguintes, foi lembrado e sempre preterido, porque as decisões do PSDB sempre foram tomadas a partir de São Paulo — Aécio Neves pelejou para puxar um naco para Minas. Pesa a favor de Tasso o fato de o antigo núcleo paulista ter colapsado e João Doria não estar vendo lá muita perspectiva na aventura presidencial. Estaria o partido disposto a lançar mão do nome que, ao longo da trajetória do partido, é o tucano com mais força no Nordeste?

A principal questão que se coloca hoje é o que acontece com a candidatura de Ciro Gomes se Tasso é candidato. A relação deles não é a mesma. Mas, concorreria Ciro num páreo com Tasso e Lula? Difícil. Seria uma medição de forças interessante, a disputa de votos no Ceará entre Ciro e Tasso. Quem teria mais votos?

Aliás, Ciro, Tasso e Lula. Aliás, Ciro, Tasso, Lula e Bolsonaro, que também tem lá seus apoiadores, embora me pareçam menos numerosos hoje. Quem teria mais votos dos cearenses? Seria interessante, e para colocar a política do Estado de pernas para o ar. Já pensou os prefeitos, e demais atores políticos, definindo-se quem apoiar?

Ciro e Paris

Também em entrevista ao O Globo, Ciro disse que iria hoje com mais convicção ao Paris do que foi no 2º turno de 2018. Foi curioso ele afirmar que, na época, a decisão de viajar e se esquivar de posicionamento claro na campanha foi adotado com “grande angústia”. Não pareceu. “Aquela eleição já estava perdida”, disse ele. Ciro sabe que quem está em campanha não pode dar uma disputa como perdida. O que ele fala tem mais o significado de dizer que não teria feito diferença ele deixar de viajar — um gesto pelo qual é cobrado a cada crítica a Bolsonaro.

Bolsonaro demonstra estar incomodado com Lula

Bolsonaro tem falado bastante de Lula. Desde que Edson Fachin anulou as condenações e o deixou apto a concorrer, o presidente volta constantemente ao assunto. Fala por que é perguntado pelos jornalistas? Não, já falou em live, em conversa com apoiadores.

Ontem, Bolsonaro disse: “O povo que por ventura vote em um cara desses, é um povo que merece sofrer.” Tem obviamente um bem querer pelo povo que governa. Bem, este povo hoje não leva a melhor das vidas. Tem a ver com a escolha que fez? Seja com Bolsonaro ou Lula, lembro da frase de George Bernard Shaw: “A democracia não é fácil". "Ela é um artifício que garante que seremos governados como merecemos." Mais justa talvez seja a definição de James Dale Davidson: “Democracia é a forma de governo em que todos têm o que a maioria merece.”

Na semana passada, Bolsonaro ainda disse: “Se o Lula voltar, pelo voto direto, pelo voto auditável, tudo bem”.

Fiquei me perguntando: se Lula for eleito pelo mesmo sistema que elegeu a ele, Bolsonaro, o presidente reconhecerá? Ou Lula, para ser eleito, precisa de um modelo diferente do que Bolsonaro precisou para chegar lá?

Ouça o podcast Jogo Político:

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