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O destino de Camilo e o espaço do PT no Ceará em 2022
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Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista

Érico Firmo política

O destino de Camilo e o espaço do PT no Ceará em 2022

Camilo Santana se acostumou a administrar equações delicadas entre PT e PDT. Talvez o maior desafio seja 2022
Tipo Opinião
Camilo Santana é potencial candidato a senador em 2022, abrindo espaço ao PDT, partido de Ciro (Foto: JÚLIO CAESAR)
Foto: JÚLIO CAESAR Camilo Santana é potencial candidato a senador em 2022, abrindo espaço ao PDT, partido de Ciro

Em entrevista ao jornalista Henrique Araújo, aqui do O POVO, a presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, introduziu um elemento complicador na eleição no Ceará. Complicador sobretudo para o governador Camilo Santana (PT). Gleisi disse que o PT precisará de palanque no Ceará em 2022.

Qual o problema? Desde 2006, PT e grupo Ferreira Gomes são aliados no Estado. Até 2014, a aliança se refletia no plano nacional. Em 2018, PT foi para um lado e Ciro Gomes e seu PDT foram para outro na eleição presidencial, sem que os ventos atrapalhassem a situação estadual. Hoje a situação entre eles está pior que em 2018, muito.

Camilo Santana administra a aliança. Em 2018, transitou entre dois lados. Ontem, na entrevista ao O POVO no Rádio, o governador deixou claro que essa será sua diretriz. Ele mesmo não irá escolher um lado. Mais que isso, ele trabalhará pela convergência. Pense numa coisa difícil. Mas, se não ocorrer, ele já mostrou como se porta. Além de 2018, fez isso nas eleições de 2016 e 2020, em Fortaleza, quando os grupos se enfrentaram. Ele está com pós-graduação em compor entre os grupos.

O problema é que 2022 terá uma complicação a mais. O candidato a governador não será Camilo Santana. Gleisi indicou que, segundo o deputado federal cearense José Guimarães (PT), Camilo tende a concorrer a senador. É a hipótese mais plausível. O que isso significa? Que, na correlação de forças que governa no Ceará, o candidato a governador deve ser do PDT. Possivelmente o ex-prefeito Roberto Cláudio. Talvez Mauro Filho. Também se fala em Izolda Cela.

Algum deles se portará como Camilo? Existe chance de não entrarem abertamente na campanha de Ciro Gomes, como Camilo não foi um ativista pró-Fernando Haddad (PT) na eleição passada? O governador participou de atos tanto a favor de Ciro quanto de Haddad. Algum pedetista agirá assim? O PDT nacional pensará nessa possibilidade no Estado em que Ciro é mais forte? Onde o PDT é mais forte?

Alguém cogita que Roberto Cláudio, se candidato a governador, não estará de corpo e alma no palanque de Ciro? Ou Mauro Filho, que é nacionalmente reconhecido como o braço de Ciro na economia? Alguém o vê fazendo "jogo duplo"?

Aí entra a declaração de Gleisi: o PT abriria mão de palanque em um estado que hoje governa? Estaria numa aliança que tem outro candidato a presidente?

Para manter o complexo equilíbrio de poder existente no Ceará, é preciso um temperamento como o de Camilo. Não há muitos à disposição.

Girão e a bandeira do tratamento precoce

Na CPI da Covid, o senador cearense Luis Eduardo Girão (Podemos) tem feito insistente defesa do chamado tratamento precoce contra a Covid-19. É uma bandeira que ele tem adotado desde o ano passado. Cobrou a rede pública estadual por não adotar o medicamento. O que acho mais intrigante é que Girão, depois do combate ao aborto, tem como bandeira maior o combate ao uso de drogas, sejam as lícitas ou as ilícitas. Fez incisiva campanha para manter a proibição da venda de álcool nos estádios. No Senado, ele atua fortemente contra comercialização de medicamentos à base de Cannabis sativa, bem como o plantio de maconha para fins medicinais. Daí eu não entender como ele defende de forma tão enfática o uso de uma droga de efeitos tão mais danosos, e sem comprovação científica da eficácia. Afinal, ele diz que defende apenas a autonomia médica. Mas, na CPI vai além e questiona de forma crítica os médicos ex-ministros sobre o porquê de não terem estimulado o tal tratamento.

Podcast Jogo Político:

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