Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista
O roteiro da viagem de Jair Bolsonaro ao Ceará, ontem, em Jati, foi diferente das quatro visitas anteriores. O deputado federal Capitão Wagner (Pros) estava lá, como esteve em outras. Ele inclusive participou do comando de campanha do presidente em 2018. Costuma ter assento perto dele nas visitas. Mas, ontem foi diferente. Wagner fez o primeiro discurso da solenidade. Afinado com Bolsonaro, elogioso aos ministros e crítico ao governo do Estado. A passagem de ontem de Bolsonaro por Jati é indissociável do ambiente eleitoral — e do fato de Capitão Wagner ser pré-candidato a governador, com apoio já declarado do presidente.
O rumo do PL
Um dos fatos políticos da visita do presidente foi a presença do prefeito de Eusébio, Acilon Gonçalves (PL). Ele é o líder estadual do PL e está com a cabeça a prêmio desde que Bolsonaro se filiou. Acilon é próximo aos Ferreira Gomes e ao governador Camilo Santana (PT). Mas, deu indicativos claros de que a prioridade é manter o controle do PL. Não quer perder o partido e mostra disposição para mudar de lado na política estadual se necessário for. Isso ficou claro na entrevista ao repórter e colunista do O POVO, Henrique Araújo.
Os bolsonaristas cearenses querem rifar Acilon do comando da sigla no Estado. Mas, o presidente nacional, Valdemar Costa Neto, vai ganhando tempo. O grupo no Ceará mais ligado ao presidente da República parece ter entendido que Acilon não cairá tão fácil. A relevância de Acilon está no fato de ele ser o principal líder da Região Metropolitana de Fortaleza, com vários prefeitos ligados a ele. Se virar para o lado de Bolsonaro e Capitão Wagner, será provavelmente a mais valiosa aquisição possível para a oposição cearense.
Na segunda-feira, após reunião do diretório estadual do PDT, o senador Cid Gomes (PDT) ressaltou a ótima relação com Acilon e com o deputado federal Júnior Mano, outro líder da sigla no Estado.
Moro e o rumo do Podemos no Ceará
Capitão Wagner, aliás, conta com a aliança com o Podemos. A ideia, porém, não parece ser a que mais agrada ao candidato do partido a presidente. No fim da entrevista ontem ao Jogo Político, o ex-juiz Sergio Moro foi questionado pelo colega Ítalo Coriolano sobre a hipótese do apoio a Wagner, que estava pouco antes no palanque junto de Bolsonaro. Moro demonstrou que gostaria de uma candidatura própria. “O Podemos tem grandes quadros aqui no Ceará", disse, ressaltando o senador Luis Eduardo Girão e o administrador Geraldo Luciano. “A gente tem quadros que a gente pode concorrer a qualquer cargo dentro do Estado, seja governo ou seja Senado”, afirmou.
Segundo Moro, fazer essa avaliação agora é prematuro. “Essa decisão vai ser tomada aqui no momento próprio, pelo Podemos no Ceará em diálogo conosco, dentro do projeto nacional”.
Ele deixou claro, porém, que não fará nenhuma imposição. “Não entrei na política para me transformar numa espécie de ditador de partido. O que a gente tem sempre é um ambiente de diálogo.”
Assim sendo, o rumo evidente será mesmo o Podemos apoiar Wagner. Girão e Geraldo Luciano são muito próximos do deputado federal. O senador, inclusive, deve muito da eleição em 2018 ao capitão. É improvável o rompimento.
Mas, que Moro gostaria de ter um candidato a governador do próprio partido no Ceará, isso ele demonstrou.
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