A política que nasce com o fim da aliança no Ceará
Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista
O rompimento entre PT e o grupo Ferreira Gomes encerra um ciclo na política do Ceará, ao longo dos quais as duas forças dividiram o poder. O fim da aliança é surpreendente até para os adversários. A aliança começou a nascer a partir do cenário federal, quando as duas forças e mais MDB, PCdoB e muitos outros compuseram a aliança do governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O fim da aliança também nasce no plano federal, com as constantes críticas de Ciro Gomes (PDT) ao PT. Não de hoje, certamente, pois vêm já de muitos anos. Mas, numa escalada frenética nos últimos quatro anos. Inclusive, Ciro atribui a uma intervenção direta de Lula no Ceará, supostamente com oferta de ministério a Camilo Santana (PT) num eventual novo governo do petista, para levar Camilo para o lado de Eunício Oliveira (MDB).
O rompimento redesenha a política do Estado, construída há uma década e meio em torno dessa aliança. O impacto se espalhará pelas prefeituras, muitas das quais apoiam tanto Camilo quanto os Ferreira Gomes.
O Governo do Estado será uma situação à parte. A começar pelo papel que Izolda Cela terá na eleição. Não vislumbro que ela faça campanha por Roberto Cláudio (PDT). É improvável que não apoie o bloco liderado por Camilo Santana. Ontem, à rádio O POVO CBN, o presidente do PDT, André Figueiredo, afirmou não acreditar na saída de Izolda do partido. Porém, a possibilidade existe.
Outro fator a observar será como ficará a base de Izolda. Tem mais de cinco meses pela frente. Qual apoio terá na Assembleia Legislativa? Qual será a postura dos parlamentares pedetistas? Diria que dependerá da postura de Izolda na campanha. Pode ser período de turbulência.
A força de uma aliança antes do nome
Camilo Santana reuniu eclético e amplo grupo de seis partidos. Uniu de PT a PSDB, que nunca estiveram juntos numa eleição estadual no Ceará. E ainda MDB, Progressistas, PCdoB e PV. É uma aliança sem dúvidas forte. Teria na candidatura de Camilo a senador uma sustentação significativa. Uma força para a chapa seria Lula na disputa presidencial, ainda que haja partidos com outros candidatos. Caso do PSDB, que apoia Simone Tebet (MDB). Ou do Progressistas, que está com Jair Bolsonaro (PL). O MDB tem Tebet, mas o partido no Ceará é lulista. Com Camilo à frente do bloco, o palanque será de Lula.
São dois pontos fortes. Porém, quem puxa uma chapa estadual é a candidatura a governador. E esse nome ainda não existe. Qual o potencial de uma chapa com um candidato forte ao Senado e outro a presidente para puxar a candidatura ao governo?
Partidos
Os partidos se comprometem a estar juntos — e PT, PCdoB e PV, da mesma federação, estão fadados a isso. Quanto aos demais, depende. Eles não tomaram decisão quanto a candidatura e pretendem sair juntos. Se sairão mesmo, depende dos desdobramentos, e da competitividade a ser apresentada.
Tiro no pé
O presidente Jair Bolsonaro quis fazer um giro e faz um jirau. Chamou os embaixadores estrangeiros para dar dimensão internacional à fanfarronice que há tempos propaga internamente sobre a urna eletrônica. A imprensa pelo mundo tratou os disparates como tais. E a embaixada dos Estados Unidos fez uma das mais eloquentes defesas do sistema brasileiro vinda de fora, ao apontar as eleições brasileiras como exemplo para o mundo. Bolsonaro conseguiu o exato contrário do que queria. Um trapalhão.
É análise política que você procura? Veio ao lugar certo. Acesse minha página
e clique no sino para receber notificações.
Esse conteúdo é de acesso exclusivo aos assinantes do OP+
Filmes, documentários, clube de descontos, reportagens, colunistas, jornal e muito mais
Conteúdo exclusivo para assinantes do OPOVO+. Já é assinante?
Entrar.
Estamos disponibilizando gratuitamente um conteúdo de acesso exclusivo de assinantes. Para mais colunas, vídeos e reportagens especiais como essas assine OPOVO +.