A pior crise interna da história dos Ferreira Gomes
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Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista
A pior crise interna da história dos Ferreira Gomes
O rumo do PDT definirá muito do desenho da política do Ceará, da sustentação do governo, da oposição — e das eleições municipais de 2024, sobretudo na Capital
Foto: Camila de Almeida, em 6/8/2016
Os irmãos Ferreira Gomes: Cid, Ivo, Ciro, Lúcio e Lia, em 2016
O grupo Ferreira Gomes atravessa o que provavelmente é a maior crise interna em 40 anos. O clima de bastidores é ruim, os comentários são fortes. Ao colega e vizinho de coluna Carlos Mazza, o deputado estadual Osmar Baquit (PDT) verbalizou o que muita gente comenta na surdina.
“O PDT está rachado? Está rachado não, está trincado e não junta mais. Quem disser que dá para resolver, isso é onda, quem disser que juntar quer é trabalhar na Globo, quer ser atriz”, afirmou.
Não é difícil entender por que essa crise é tão grande. É a primeira vez em todo esse tempo que o grupo comandado por Ciro Gomes (PDT) não está do lado vencedor de uma disputa estadual. Imagine-se, portanto, o estrago que é semelhante derrota para um grupo que se acostumou ao poder como talvez nenhum outro na história do Ceará naquele nível.
Não me refiro, claro, aos grupelhos que orbitam todos os governos, que nunca deixam de ser situação e não têm culpa se o poder muda de lado. Ciro e seus aliados são sempre a primeira ou segunda força política do Estado desde 1989. Deixarão de ser? Talvez sim, talvez não. Talvez uma parte vá para a oposição e outra siga governo. É o que se desenha.
Mas, a derrota não foi só inédita — ela foi total. Candidato a governador, o ex-prefeito Roberto Cláudio (PDT) não ganhou em um bairro sequer no município que governou por oito anos, onde teve apoio do prefeito e de enorme base de vereadores. Foi o mais votado em três seções eleitorais apenas. Como agravante o fato de RC ter mais currículo que os dois candidatos que ficaram à frente dele. Candidato a presidente, Ciro Gomes (PDT) perdeu pela primeira vez no próprio Estado — sem ficar nem sequer em segundo em algum município. Sem vencer em um bairro na capital.
Então, foi um fracasso total do partido? Não. Elegeu a maior bancada de deputados estaduais. Na bancada federal, é a maior empatada com o PL. A derrota total dos candidatos majoritários — Érika Amorim (PSD), que concorreu ao Senado, saiu-se ainda pior — fica ainda mais impactante frente à vitória de parte dos pedetistas, sobretudo os menos alinhados.
O conflito que existe hoje no partido se deve justamente ao fato de que há um PDT vencido de forma contundente, que comanda a sigla no Estado e tem respaldo nacional. E há um PDT vitorioso, que não aceita a direção indicada pelos que deram a diretriz derrotada. Baquit indica que esse entendimento será complicado.
Para os otimistas sobre o acordo, o deputado resumiu: “Tem gente que gosta de teatro, que tem curuba e gosta de dizer que tem micose”.
A família para além do partido
Ao votar no primeiro turno, o senador Cid Gomes (PDT) deu o tom da dramaticidade da situação. “Eu participo de eleições desde 1976. Esta é a mais difícil é a mais complexa de toda minha vida por um conjunto de fatores que… bom, quero esquecer, por todo o sofrimento, o dilema e os dramas dessa eleição”. Isso num pleito no qual ele se distanciou — parcialmente. Ocorre que a parte em que ele se afastou irritou o irmão e o partido. E a parte em que ele se envolveu, metade não satisfez muito Ciro, que foi a forma de apoio a ele na disputa presidencial. E a outra metade, ao fazer campanha com Camilo Santana (PT), chamado de traidor pelo próprio Ciro, enfurece essa ala. Se ele queria esquecer, ficou pior agora.
O rumo do PDT definirá muito do desenho da política do Ceará, da sustentação do governo, da oposição — e das eleições municipais de 2024, sobretudo na Capital.
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