O quanto a equipe de transição indica sobre o que será um governo? A experiência cearense mostra que nem todo mundo que terá importância na gestão está na transição, mas nomes da transição invariavelmente têm papel central no mandato que se segue. As escolhas de Elmano de Freitas (PT) não trazem surpresa, mas reforçam expectativas. Em alguns casos, reforçam bastante.

Força de Luizianne

Talvez o principal aspecto a notar seja o forte componente petista. Notadamente, da deputada federal Luizianne Lins. Nos bastidores petistas, considera-se que a escolha de Elmano para ser o candidato a governador já levou em conta a proximidade dele com a ex-prefeita de Fortaleza. Não apenas pela força dela dentro do partido, mas pelo fato de ela aparecer em pesquisas, antes da eleição, como o nome petista mais forte na largada em uma candidatura ao governo.

Na equipe de transição estão dois ex-secretários de Luizianne na área econômica: Alfredo Pessoa e Ana Maria Fontenele. Da condução das finanças estaduais na época da ex-prefeita só faltou Alexandre Cialdini. Alfredo e Ana Maria têm personalidades quase opostas. São professores universitários e respeitados na área. A repercussão dos nomes trouxe preocupações, pois, entre méritos e defeitos, a gestão Luizianne não era considerada das mais organizadas.

Peso de Camilo

A presença de luizianistas só não é maior que a de pessoas ligadas ao senador eleito Camilo Santana (PT). Compreensivelmente, pois Camilo foi o articulador da eleição de Elmano, como Cid Gomes (PDT) havia sido para o futuro senador.

A lista começa por Eudoro Santana, com passagens por vários cargos municipais, estaduais e federais ao longo de décadas, ex-deputado estadual e pai de Camilo. Eudoro tem também experiência em transições e em diagnóstico na situação que os governantes receberão. Coordenou a transição de Luizianne para Roberto Cláudio na Prefeitura de Fortaleza e participou da passagem de Cid para o filho.

Próxima a Camilo é também a deputada estadual Augusta Brito, primeira suplente do senador eleito, que se filiou ao PT este ano, levada por Camilo. Com a promessa de Elmano de metade do secretariado composta por mulheres, Augusta é uma boa aposta para a equipe.

Outro nome próximo a Camilo é o superintendente do Detran, Max Quintino. A rigor, ele é ligado mesmo é ao deputado estadual Fernando Santana (PT). Experiente na área de agricultura, foi diretor da Ematerce, no governo Cid e, com Camilo, foi presidente do Instituto Agropolos, foi assessor especial do gabinete do ex-governador, coordenou o Programa Mais Nutrição, foi presidente da Ceasa, antes de assumir o Detran.

Papel de Izolda

O outro nome indicado por Elmano é Luísa Cela, ex-secretária executiva da Cultura e filha da atual governadora.

Dos indicados de Izolda, há os responsáveis pela área econômica, caso de Ronaldo Lima Moreira Borges, secretário do Planejamento e Gestão, e Fernanda Pacobahyba, secretária da Fazenda. Esta última terá curioso papel na transição, pois Elmano já anunciou convite para ela ficar. Deverá fazer a transição para si própria.

Vladyson Viana, presidente do Sine/IDT, é ligado ao deputado José Guimarães (PT). Rita de Cássia Lima Bezerra foi presidente do extinto Ideci, assessora do gabinete do Governo do Estado e assumiu várias tarefas no governo.

Há ainda Flávio Jucá, em exercício na Casa Civil, com passagens por Planejamento e Gestão (Seplag) e por Controladoria e Ouvidoria Geral do Estado (CGE). E Chagas Vieira, secretário titular da Casa Civil e que se tornou o principal gestor dos governos Camilo e Izolda, além de ser determinante na campanha de Elmano.

Errei: a coluna informou equivocadamente que Flávio Jucá estava interinamente na Procuradoria Geral do Estado (PGE), mas o correto é Casa Civil.