Logo O POVO+
Lula na COP e a pauta ambiental
Foto de Érico Firmo
clique para exibir bio do colunista

Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista

Érico Firmo política

Lula na COP e a pauta ambiental

Meio ambiente é a principal credencial do Brasil perante o mundo. É preciso muita inépcia para transformar em agenda negativa, como fez Bolsonaro
Tipo Opinião
 Marina Silva e Lula na COP27. Entre eles, o fotógrafo pessoal do petista, Ricardo Stuckert (Foto: JOSEPH EID / AFP)
Foto: JOSEPH EID / AFP  Marina Silva e Lula na COP27. Entre eles, o fotógrafo pessoal do petista, Ricardo Stuckert

O discurso de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na COP27 teve repercussão internacional bastante favorável a ele. Foram destacados os aplausos e a empolgação com a presença dele. O New York Times, particularmente entusiasmado, definiu o discurso do presidente eleito do Brasil como “exuberante” e afirmou que ele “eletrizou” a COP27. E estabeleceu o contraponto com Jair Bolsonaro (PL), que o jornal destacou ser considerado “um pesadelo” em questão ambiental.

O meio ambiente é a principal credencial do Brasil perante o mundo. Vale inestimavelmente mais para o Brasil se estiver preservado do que se for destruído. É a maior vantagem competitiva do País no âmbito internacional. Só mesmo a obtusidade dos anos Bolsonaros para conseguir transformar o tema em agenda negativa, só para agradar uns extremistas destrambelhados. Sim, porque ao agronegócio exportador não interessa ação ambiental predatória. Pelo contrário, é a pior antipropaganda para os produtos brasileiros nos mercados mundo afora. Foi por pressão desse segmento que Bolsonaro desistiu da ideia apresentada em 2018 de acabar com o Ministério do Meio Ambiente.

O discurso de Lula foi importante. Segundo Eduardo Viola, professor da Relações Internacionais da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e da Universidade de São Paulo (USP), o compromisso com o controle do desmatamento, a transição energética e o combate à mudança climática são um marco na posição brasileira, conforme ele afirmou em entrevista ao Estado de S.Paulo. “Nunca o Brasil teve uma posição como a que está sendo anunciada neste momento”.

Ainda assim, é nítido que o discurso de Lula repercutiu tão bem pela comparação com o que existe hoje: Bolsonaro, esse constrangimento internacional brasileiro, um espanto para o mundo civilizado.
Não dá para ignorar, todavia, que os governos de Lula, assim como de Dilma Rousseff (PT), foram problemáticos na área ambiental. Houve alguns avanços, mas também muitos retrocessos, contradições e equívocos. Lula será cobrado por aquilo com o que se compromete. O histórico na área justifica desconfiança.

Lula e o mercado

Lula repercutiu bem no exterior ao falar de meio ambiente e voltou a causar um alvoroço no Brasil ao comentar economia. Ele disse que não adianta pensar só em responsabilidade fiscal e tirar dinheiro da saúde e da educação. “Se eu falar isso, vai cair a bolsa, o dólar vai aumentar, paciência… o dólar não aumenta e a bolsa não cai por conta das pessoas sérias, mas por conta dos especuladores que vivem especulando todo santo dia”.

Paciência? Não. Se o dólar sobe, aumenta o preço do pão, dos combustíveis, e tudo acaba ficando mais caro, com reação em cadeia. Quem mais sofre são os mais pobres. Se a bolsa cai, empresas perdem dinheiro e isso gera desemprego. Os especuladores ganham com a alta ou a baixa. Quem mais sofre, de novo, são os mais pobres. O papel do governo é gerir bem a economia para que tenha dinheiro para saúde, educação e o que precisa ser feito. Quando fala dessa forma, Lula nada faz pela área social e ainda contribui para ter menos dinheiro para ela e todo o resto.

O recuo de Léo Couto

Comentei ontem que a retirada de Léo Couto (PSB) da disputa pela Câmara Municipal de Fortaleza evitou para Gardel Rolim (PDT) uma disputa que se prenunciava apertada. Não é a impressão na base do prefeito José Sarto (PDT), apoiador de Gardel. Como escrevi, Gardel tinha voto declarado da maioria dos vereadores, inclusive com manifestações públicas. Essas coisas mudam, mas os partidários do pedetista consideram que as posições estavam consolidadas. A impressão é de que Couto retirou a candidatura, na verdade, porque não conseguiu se consolidar. Tinha dificuldade mesmo para conseguir nove vereadores para apresentar a chapa. O anúncio da retirada após pedido do senador Cid Gomes (PDT) teria sido, portanto, uma saída honrosa para o vereador.

Foto do Érico Firmo

É análise política que você procura? Veio ao lugar certo. Acesse minha página e clique no sino para receber notificações.

O que você achou desse conteúdo?