Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista
Jair Bolsonaro (PL) foi o primeiro presidente da história a perder a reeleição, apesar de tudo que fez para tentar se reeleger. Mesmo assim, teve resultado eleitoral muito significativo para quem fez governo tão ruim. Poderia ter saído como líder político de um bloco de muito peso, mas optou por alimentar grupelhos extremistas e delirantes. Com a destruição promovida em Brasília, o bolsonarismo cava a própria sepultura.
Qualquer político que queira cultivar o mínimo de respeitabilidade não pode se vincular a esse campo político peçonhento.
O bolsonarismo não cabe na institucionalidade brasileira, não merece espaço no espectro ideológico. Se ele persistir como força relevante será sinal de irrelevância das instituições democráticas do País — pois não são mutuamente conciliáveis.
Os rostos identificados e os ocultos
Há 1,5 mil presos pelos atos criminosos em Brasília e muitos mais há por identificar. Existe vasto material de imagem que permite identificar os envolvidos. Aqueles que foram para linha de frente, grande parte dos quais uns destrambelhados e outra parte uns espertalhões, ou que assim se acham. Porém, tem muita gente cujo rosto não aparece, mas que precisa ser identificada.
Os atos de violência no domingo não foram algo espontâneo, que as pessoas viram na internet que iam acontecer e saíram de casa para participar. Foram planejados, organizados para serem o que foram.
E houve também financiadores graúdos, que pagaram para as pessoas irem lá sujar as mãos. Mais até que a massa de manobra, os organizadores e financiadores precisam aparecer, ser processados, condenados e punidos.
Há um discurso que Bolsonaro puxa e os aliados replicam: dizem que são contra os atos de violência, que não se justificaria partir para aquelas práticas. Postura sonsa, cínica e hipócrita.
O que se viu em Brasília é consequência natural do que vem sendo construído por Bolsonaro e o séquito de seguidores fanáticos que reúne. É adequado ao discurso mantido ao longo dos anos. O terrorismo de domingo não é contrário ao que eles pregam, não é um desvio de rota. Ao contrário, na forma e no conteúdo, o quebra-quebra é coerente com o discurso, as práticas e aquilo que o bolsonarismo inspira e estimula.
Era previsível o que ia acontecer. É uma óbvia inspiração com o que houve no Capitólio promovido por apoiadores de Donald Trump. Só foi um tanto atrasado. Mas, também foi mais amplo. Lá atacaram um poder. Aqui, os três. Há o DNA do método Steve Bannon.
O ex-presidente, em autoexílio, e alguns políticos aliados, inclusive no Ceará, dizem de passagem que são contra o que ocorreu em Brasília. Lorota para enganar besta. Dizem isso de passagem — com cuidado para não desagradar os extremistas que foram para a linha de frente. E logo emendam críticas à esquerda, que é o fundamento da coisa. O bolsonarismo disfarça tão mal os objetivos e as digitais emporcalhadas que nem se dão o trabalho de fazer uma crítica razoavelmente convincente à generalizada depredação dos Três Poderes.
Se fosse realmente contra o que ocorreu em Brasília, Bolsonaro teria sido muito mais veemente. Naquilo que fala e naquilo que omite, o ex-presidente favorece ocorrências como o 8 de janeiro em Brasília.
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