Plano para o golpe frustrado de Bolsonaro está documentado
Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista
No armário do ex-ministro da Justiça e Segurança Pública, Anderson Torres, a Polícia Federal encontrou a minuta de um decreto para instaurar Estado de defesa no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e mudar o resultado da eleição presidencial. A informação é da Folha de S.Paulo. É o documento de uma tentativa de golpe de Estado no Brasil. Um golpe contra a democracia urdido dentro do Governo Federal. O decreto seria assinado pelo então presidente da República, Jair Bolsonaro (PL).
Não há indício de nada tão grave dentro do governo brasileiro talvez desde o ato institucional número 5 (AI-5). Bolsonaro repetia a balela de que jogava "dentro das quatro linhas da Constituição", enquanto um golpe era arquitetado para favorecê-lo.
Vale lembrar, o ex-ministro em questão depois virou secretário da Segurança Pública do Distrito Federal. Estava no cargo enquanto hordas extremistas depredaram as sedes dos três poderes. Enquanto isso, tanto Torres quando Bolsonaro estavam nos Estados Unidos. O ex-ministro, alvo de ordem de prisão, avisa por meio dos advogados que vai voltar. Mas, não voltou até agora.
Estão sendo expostos documentos de uma trama contra a democracia brasileira. As investigações em curso ajudarão a contar a história do que foram os últimos dias e últimos anos.
O bolsonarismo não é uma força política que possa ser democraticamente legitimada. Não cabe na institucionalidade.
Só nesta semana, evidenciou-se violência terrorista, financiamentos obscuros e, agora, o mais escancarado golpismo. Tudo isso espanta, mas não é de admirar. É coerente com o discurso, a prática e os métodos do bolsonarismo. Talvez surpreenda que tenham ido de fato tão longe. Ah, é também uma surpresa que não tenham destruído a prova dos crimes contra a democracia e o Estado brasileiro. Tenham preservado os documentos e as digitais emporcalhadas. Que bom que são tão trapalhões e pouco inteligentes.
Sabe o que é mais triste e preocupante? Muitos dos apoiadores do ex-presidente autoexilado, aqueles que acampam em frente a quartel e depredam patrimônio público, aprovariam e aplaudiriam se Bolsonaro decretasse o golpe. Eles queriam o golpe.
É preciso que o aparato do Estado brasileiro aja de forma implacável contra esses atentados contra a democracia. A Polícia Federal deve agir, assim como o Poder Judiciário. O Ministério Público, a Procuradoria Geral da República tão alinhada ao bolsonarismo, precisa cumprir seu papel.
Além disso: é fundamental saber o que há além da minuta. O projeto de decreto não viria sozinho. Faz-se necessário saber quais as medidas poriam em prática o golpe — e quem participaria dele.
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