Bolsonaro pode estar envolvido em fraude, mas apoiadores não ligam
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Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista
Foto: Reprodução / vídeo
Ema se afasta após Bolsonaro mostrar caixa de cloroquina
A Polícia Federal amanheceu na casa do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em investigação de fraude. Os elementos são robustos. O ex-presidente diz que não se vacinou contra Covid-19. A Polícia Federal aponta que consta no Ministério da Saúde informação de que ele estaria vacinado. Diante da informação reiterada por Bolsonaro após a operação, qualquer informação oficial de que foi vacinado é bastante suspeita.
Porém, para a base bolsonarista isso pouco importa. O ex-presidente pode tudo. Os mais extremistas e menos esclarecidos até abraçam o discurso antivacina. Gostam e aplaudem. Inseriu informação falsa? Ah, bobagem. Se houve infração a lei do Brasil e do Exterior, pouco importa. Não concordam mesmo com a lei. Nada disso importa.
Era previsível que Bolsonaro se complicasse em função da pandemia de Covid-19. Os problemas, infelizmente, não são apenas pessoais. Ele difundiu informações mentirosas, desacreditou vacinas, foi ambíguo sobre a própria vacinação e espalhou desinformação sobre medicamentos cuja ineficácia é evidenciada. Na campanha, com o estrago feito à própria popularidade, quis ter o mérito pelo início da vacinação — que coube a João Doria, que brigou publicamente com o ex-presidente, e foi insultado por isso, para iniciar a vacinação.
A se confirmarem as suspeitas, a falsificação do certificado vacinal será mais uma demonstração de quem acha que pode tudo. Pode infringir regras e alterar documentos para fazer prevalecer a própria vontade. Felizmente, o poder sempre passa e toda onipotência constrói a queda futura.
Superministro
Agora, por falar em superpoder, é estranho o raio de ação assumido pelo ministro Alexandre de Moraes. A questão da vacinação de Bolsonaro foi parar dentro do inquérito das milícias digitais. Por que mesmo?
Quão grave é a fraude pela qual Bolsonaro é investigado
Operação da Polícia Federal por causa de cartão de vacinação? Esta foi a pergunta-deboche que recebi de um punhado de apoiadores de Jair Bolsonaro ao longo desta quarta-feira, 3. Busca e apreensão por causa disso? Não, não é pouca coisa.
O que é investigada é a possibilidade de fraude em informação pública. Isso é grave se feito por mim ou por você. Muito mais se o ato envolve quem na época era presidente da República.
A situação é pior porque essa inserção de informação falsa tinha objetivo deliberado de burlar obrigações legais estabelecidas no Brasil e também em país estrangeiro — os Estados Unidos no caso. Não se trata de uma questão qualquer.
Mas, o mais grave é se tratar de questão de saúde pública. Foi fraudado documento oficial com objetivo de descumprir a lei que trata do combate à pandemia.
Cartão de vacinação não é um papel qualquer. Ele é um atestado de quem se vacinou para demonstrar à coletividade que houve o cuidado com a imunização. A seriedade desse documento é mais perceptível justamente em viagens internacionais na qual há exigência de vacinas para algumas doenças. A possível burla pode disseminar doença e provocar mortes. Tal é a gravidade do possível crime pelo qual Bolsonaro é investigado. Uma questão legal, de saúde, de vida.
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