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Ciro cobra que Sarto seja menos discreto para evitar 'volta da demagogia'
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Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista

Érico Firmo política

Ciro cobra que Sarto seja menos discreto para evitar 'volta da demagogia'

Ex-governador e ex-ministro pede que prefeito mostre mais do "trabalho extraordinário" em Fortaleza para impedir o que ele considera risco, numa referência indireta a um eventual retorno do PT
Tipo Análise
Prefeito Sarto e Ciro Gomes na palestra na CDL (Foto: AURÉLIO ALVES)
Foto: AURÉLIO ALVES Prefeito Sarto e Ciro Gomes na palestra na CDL

Ciro Gomes (PDT) elogiou o prefeito de Fortaleza, José Sarto (PDT), e considerou que o pedetista faz um "trabalho extraordinário". Mas acrescentou: "Muitas vezes com uma discrição que eu acho que está errada, porque ele precisa fazer a pabulagem, porque Fortaleza não pode cair de volta em demagogia". A fala ligeira, durante palestra na noite de quinta-feira, 15, na CDL, embute vários sentidos e sinalizações.

Pabulagem é gabolice, se gabar, no sentido de exaltar o próprio trabalho. Desse modo, ele justifica por que a avaliação de Sarto anda tão em baixa, como mostrou pesquisa Datafolha. O problema não é propriamente da gestão. As pessoas é que não sabem tudo que é feito de bom, segundo esse raciocínio.

Além disso, a frase sinaliza onde Ciro talvez enxergue a maior ameaça à reeleição do atual prefeito. Quando fala em "cair de volta em demagogia", indica o temor de um retorno ao passado. A referência mais direta é ao PT, particularmente à época de Luizianne Lins, quando Elmano de Freitas (PT) estava na gestão. O partido, que hoje tem como maior expoente no Ceará o ministro Camilo Santana, está no governo estadual e também no federal. Terá candidato a prefeito e será um dos favoritos, com certeza. Só não se sabe ainda quem é.

Afinal, quando menciona "retorno", Ciro certamente não fala do antecessor imediato de Sarto, Roberto Cláudio (PDT), pois são todos aliados. Antes de RC era a gestão Luizianne. Ainda antes, era Juraci Magalhães, que já morreu e cujo principal aliado na ativa é líder de Sarto na Câmara — Carlos Mesquita (PDT). Ainda antes houve Antonio Cambraia e o próprio Ciro. Mais atrás, Maria Luiza, que era do próprio PT, mas não disputa mais eleições. Quando fala em "cair de volta em demagogia", o alvo mais aparente de Ciro é o PT.

É uma possível sinalização de qual o principal adversário de Sarto hoje. No ano passado, antes da eleição estadual, Ciro se referia a Capitão Wagner (União Brasil) como opositor que mais ameaçava o grupo. Dizia até que podia ser positivo ele ganhar. "Pode ser que esteja na hora de a gente entregar para o Capitão Wagner lá, o cara do Bolsonaro. Quem sabe a gente aprende a dar valor ao que tem", afirmou em agosto.

Desta vez, Ciro aparentemente não coloca Wagner como o adversário em primeiro plano. A não ser que inclua Wagner e o PT no balaio do que chama de volta à demagogia.

 

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