Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista
Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil
Cid Gomes é senador pelo PDT do Ceará
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Na enroscada confusão dentro do PDT, seria petulância e imprudência eu querer dizer quem tem razão. Porém, vou me atrever a apontar equívocos que levam à situação do partido, e as razões que possam ter.
Erros que levam e mantêm a crise
1) É evidente que a estratégia em 2022 deu errado, muito errado, errado demais. Faz falta um momento para avaliar o que se passou na legenda. Porém, não há ambiente para fazer tal avaliação com serenidade. Os que aderiram ao governo culpam o erro nas escolhas, a ala oposicionista aponta as traições. Ambos estão certos. O fato é que o caminho que o partido não escolheu provavelmente teria levado a uma vitória fácil de Izolda Cela — basta considerar que Elmano de Freitas (PT) ganhou no 1º turno com a aliança dividida. A opção feita levou a uma derrota categórica.
2) Divergências internas são saudáveis nos partidos, mas a perspectiva de destituir André Figueiredo tão perto do fim do mandato não parece positivo para o fortalecimento do PDT. É processo traumático e que deixa sequelas. Se o objetivo são as eleições do ano que vem, nem entendo a resistência dos pedetistas governistas em esperar o fim do mandato na sigla, em dezembro. Só se entenderem que a relação ambígua com o governo, sem adesão mais clara, pode desidratar a sigla até lá.
As razões de cada lado
3) É correto o princípio que Cid defende de que a direção deve estar sintonizada com a maioria do partido. Do ponto de vista do espaço político do PDT e do futuro do partido, pragmaticamente, o caminho que Cid aponta é mais promissor. Pensando em adesões e presença de filiados de peso.
4) A tese que tem Roberto Cláudio como principal portador, de que o partido deve ter um caminho próprio, que não seja a estratégia levada por outra sigla para dentro do PDT, faz sentido do ponto de vista da afirmação pedetista. Para o futuro, pode apontar para um PDT mais sólido, mas certamente muito menor.
O que o grupo de Cid Gomes tenta agora no PDT já foi visto, em contornos muito parecidos, em outro dos partidos pelos quais os Ferreira Gomes passaram. Em setembro de 2011, o então presidente do PSB, Sergio Novais, foi destituído para dar lugar a um aliado do então governador e hoje senador. As similaridades são diversas. Os Ferreira Gomes desembarcaram na legenda alguns anos antes, em 2005, e passaram a dividir espaço com os "históricos" do PSB, liderados por Novais e que tinham mais proximidade com a direção nacional. O presidente nacional do PSB na época era Eduardo Campos. Porém, ele não segurou a pressão do grupo de Cid e Ciro Gomes.
O então comando municipal era aliado da prefeita à época, Luizianne Lins. Ao destitui-lo e colocar no lugar Karlo Kardozo, o PSB abriu caminho para lançar a candidatura de Roberto Cláudio a prefeito de Fortaleza, no ano seguinte.
O processo naquela época foi tumultuado e repleto de baixaria. O grupo que estava para ser destituído trancou a sede com cadeado. Então, os aliados de Cid se reuniram no meio da rua, com iluminação improvisada de lanternas de celulares, sob vaias e até ovos sendo lançados. Roberto Cláudio foi um que ficou sujo de ovo.
Hoje, Roberto Cláudio classifica o movimento de Cid contra André Figueiredo no PDT de "tentativa de golpe". Na época, a irmã de Novais, então deputada Eliane Novais, disse que não havia embasamento jurídico para a destituição. Muito parecido com o que Figueiredo argumenta.
Em 2013, os Ferreira Gomes saíram do PSB e foram para o Pros. Em 2015, ingressaram no PDT.
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