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Emoção, raiva e racionalidade na política
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Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista

Érico Firmo política

Emoção, raiva e racionalidade na política

Os ingredientes emocionais tornam mais difícil o entendimento no PDT, que surpreendentemente se encaminhou
Tipo Opinião
SENADOR afirmou que iniciou as obras para aumentar o turismo na região (Foto: Samuel Setubal)
Foto: Samuel Setubal SENADOR afirmou que iniciou as obras para aumentar o turismo na região

“Em política, até raiva é combinada”, ensinava o racional Ulysses Guimarães. A briga do PDT se tornou complexa porque envolve componentes emocionais muito fortes. Familiares, inclusive, mas não apenas. Roberto Cláudio e o prefeito José Sarto também têm compreensíveis emoções envolvidas. É difícil combinar essas raivas. Para a maioria dos deputados e prefeitos, há o pragmatismo de precisar ser base governista.

O componente emocional é um complicador e tanto e torna a superação desse racha partidário mais complicada do que tantas outras, que ocorrem em toda eleição no Ceará.

As partes envolvidas no acordo sabem das dificuldades no entendimento. Há feridas não cicatrizadas. Não me arrisco a dizer ainda se há um acordo, de fato, ou uma trégua, um pacto de convivência até que cada grupo tome seu rumo.

Caso o trato firmado seja capaz de apaziguar o PDT e manter as diferentes alas no mesmo partido até 2026 ou mesmo 2024, terá sido um feito e tanto. Algo que não me parecia provável quando a semana começou.

Se der certo e durar, terá sido um feito e tanto de articulação política.

E, como escrevi ontem, esse acerto difícil é bem mais simples que o familiar.

Acordo improvável

Há coisas difíceis de entender no acordo anunciado. André Figueiredo se licencia da presidência do PDT e deixa Cid Gomes no cargo por quatro meses. Em dezembro, na eleição da nova direção, o senador se compromete a apoiar o deputado para dirigir o partido pelos quatro anos seguintes. Ora, Cid briga para ter o partido por alguns meses este ano? E deixa André no comando na eleição do ano que vem? O ex-governador diz que irá se dedicar, nos próximos meses, a articular as candidaturas do PDT no Interior. É isso que ele quer? Há peças não encaixadas.

A maior delas: e Fortaleza? Como fica a eleição na capital? Qual suporte Sarto terá na candidatura à reeleição? Há mais perguntas que respostas. O entendimento construído se explica como saída honrosa, mas não justifica onde os grupos queriam chegar com tamanha briga.

Cid e Elmano

O principal ponto declarado na divergência no PDT era apoiar ou não o governo Elmano de Freitas (PT). Segundo Figueiredo, as posições divergentes que hoje existem serão respeitadas com Cid na presidência.
Uma consequência, Cid cresce na negociação com o governador. Fica grandão. Poderá dizer para Elmano: “Olha a confusão que precisei arrumar para o partido apoiar você”.

Mal comparando, quase um Chiquinho Feitosa. Só que o PSDB do ano passado deste é o PDT este ano daquele — este um partido bem mais relevante. E sem precisar ter ido tão às últimas consequências.

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