PDT já perdeu, a dúvida é quem vai ganhar, e o que vai ganhar
Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista
Os últimos acontecimentos no PDT do Ceará romperam o acordo firmado em julho para tentar remendar o partido. Volta-se assim à situação anterior, a escalada de tensões de três meses atrás.
O fim do status quo estabelecido com o acordo foi estabelecido na manhã desta segunda. O deputado federal André Figueiredo encerrou a licença que havia concordado em tirar. Assim, tirou o senador Cid Gomes da presidência estadual.
Dessa maneira, aliados de Cid prontamente voltaram a falar em recolher assinaturas para convocar o diretório, com finalidade de destituir a executiva comandada por André e escolher uma nova. Era esse movimento que estava em curso quando houve a trégua. É esse o panorama ao qual se retorna agora.
Para recordar: o encontro para destituir André e eleger um novo comando ocorreria em 7 de julho, mas houve o acerto dois dias antes. Desta vez, a intenção de Cid é realizar a reunião em 16 de outubro, às 17 horas, na sede do partido.
Naquela época, o encontro era contestado. André dizia não haver previsão estatutária para a destituição, o que tornaria a deliberação irregular. Acusava o grupo de Cid de conturbar a legenda e sinalizava com punição aos participantes.
A executiva nacional chegou a aprovar uma espécie de intervenção, na qual puxou para si a deliberação sobre a situação no Ceará. Cid deu de ombros para essa deliberação e cogitou que a reunião ocorresse até na calçada.
É essa a situação à qual se retorna. A nova convocação será questionada. A direção nacional quase certamente entrará na discussão — afinal, André acumula o comando nacional. E agora o cenário é ainda mais conflituoso.
O grupo de Cid provavelmente irá insistir em fazer o encontro. A questão pode ser judicializada. Quem rompeu o acordo?
Pelo acordo de julho, André se licenciou da presidência estadual e passou para o vice, que é Cid. Em compensação, o senador apoiaria o deputado a um novo mandato à frente da direção estadual, a partir de janeiro.
André diz que Cid rompeu o acordo, pois teria sido acertado que haveria pacificação da sigla, não haveria anuência a desfiliação — caso de Evandro Leitão, presidente da Assembleia — e apoio ao governo Elmano de Freitas (PT) seria debatido com o ministro Carlos Lupi e o próprio André. Nada disso, argumenta o deputado, foi cumprido.
Cid, porém, afirma não ser verdade que houve tais acordos. O único compromisso, disse ele, era de apoiar André a um novo mandato, em dezembro. E afirma que foi do outro lado que veio a quebra de acordo.
Vai todo mundo perder
Como resolver esse imbróglio? Olha, é bastante improvável o presidente nacional de um partido ser destituído de posto estadual. No voto, Cid ganha fácil. Mas, a chance de o movimento do senador prevalecer nas instâncias internas é um novo acordo, que parece muito distante.
O trunfo de Cid não é apenas a maioria que possui. É o fato de que o grupo tem menos a perder caso decida sair. E, se hostilidade interna for argumento para se autorizar mudança de partido, qualquer um pode sair do PDT Ceará incólume.
O maior partido do Estado sangra em praça pública. No fim, parece improvável que alguém consiga extrair ganhos dessa barafunda. Como diria a ex-pedetista Dilma Rousseff, vai todo mundo perder.
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