Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista
Foto: JÚLIO CAESAR
EDUCAÇÃO brasileira vai mal em avaliação internacional
Muito se fala da qualidade da educação no Ceará, exportada como referência para o Ministério da Educação. Secretária executiva da pasta, a ex-governadora Izolda Cela evita oba-oba e mantém os pés no chão.
“Eu sempre gosto de dizer que não abro a minha boca para falar de resultados de excelência, mas é um resultado importante, especialmente comparado com o que éramos e com os nossos pares", disse ela no fim do ano passado, quando se despedia do governo e estava prestes a assumir o posto no MEC, ao lado do ministro Camilo Santana (PT).
Antes de tomar posse, o governador Elmano de Freitas (PT) sinalizava que, na educação, teria como alvo tornar o Ceará destaque nos indicadores internacionais, dados os bons resultados em parâmetros nacionais. Um bom caminho. Na seara internacional, o Brasil vai mal, mas vai mal demais. Foram divulgados nesta terça-feira, 5, os resultados do Programa para Avaliação Internacional de Estudantes, o Pisa (sigla de Programme for International Student Assessment, em inglês).
Houve uma queda internacional nos indicadores em função da pandemia de Covid-19, tida como “dramática” e “sem precedentes” pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Já o Brasil ficou relativamente estável entre 2018 e 2022, o que, no contexto, é até uma boa notícia. A parte ruim é se tratar de estabilidade num patamar paupérrimo.
Nível do Brasil
Na média da OCDE, 69% dos estudantes chegaram pelo menos ao nível 2 de domínio da matemática. No Brasil, o índice foi de 27%, enquanto 73% tiveram baixo desempenho. Alto nível de proficiência em matemática, o que significa chegar aos níveis 5 ou 6, foi atingido por 9% dos estudantes de países da OCDE. No Brasil, é o patamar de 1% dos que fizeram o Pisa.
Em leitura, o Brasil tem 50% com baixo desempenho e 2% com alto — na OCDE, os percentuais são 26% e 7%, respectivamente. Em ciências, os brasileiros com baixo desempenho são 55% e 1% com alto domínio. Na OCDE, os respectivos índices são de 24% e 7%.
Mesmo os estudantes brasileiros mais ricos tiveram desempenhos abaixo da média internacional — e muito abaixo de estudantes com o mesmo nível socioeconômico em países com o mesmo perfil do Brasil.
Não só na escola pública
O problema não está apenas na educação pública. Mesmo os estudantes entre os 25% mais ricos da população não alcançaram a média da OCDE para todos os estratos sociais. E ficaram abaixo de estudantes do mesmo nível de renda de países com perfil parecido, como Turquia e Vietnã, aponta o relatório da OCDE.
O Pisa divulgou resultado por países, mas, para a educação do Ceará fica no mínimo a sinalização de que o fato de brilhar nacionalmente representa pouco diante dos parâmetros internacionais do que significa qualidade no aprendizado. Mostra também o tamanho do desafio para o ministro Camilo Santana e para a secretária executiva Izolda Cela.
Nível estadual
A próxima edição do Pisa, em 2025, terá resultados por estado, informou Camilo. Será ótimo principalmente para realidades como a do Ceará, que tem bom desempenho no contexto brasileiro, mas poderá ter um referencial de como está ao olhar pelo que existe no mundo.
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