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A polarização precoce dos candidatos em Fortaleza
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Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista

Érico Firmo política

A polarização precoce dos candidatos em Fortaleza

Em anos anteriores, a esta altura ainda persistiam dúvidas importantes sobre as candidaturas
Tipo Opinião
PAÇO MUNICIPAL, sede da Prefeitura de Fortaleza (Foto: FERNANDA BARROS)
Foto: FERNANDA BARROS PAÇO MUNICIPAL, sede da Prefeitura de Fortaleza

Não é normal a pré-campanha eleitoral estar com a temperatura tão elevada quanto agora em Fortaleza. Em anos anteriores, a esta altura persistiam dúvidas importantes sobre as candidaturas. Agora, os principais partidos já definiram as candidaturas e, inclusive, as alianças já parecem bem encaminhadas, salvo reviravolta surpreendente. A três meses do começo da campanha, a última indefinição importante é sobre vices. Claro, ainda há tempo para composições, pré-candidaturas podem ser retiradas. E nunca é tarde para rompimentos. Partidos podem trocar de lado se perceberem oportunidades melhores em outro lugar. Mas, tudo parece anormalmente encaminhado. A ponto de já se ter partido para o confronto direto entre os futuros candidatos.

O prefeito José Sarto (PDT) e o deputado Evandro Leitão (PT) travam uma troca de críticas cuja intensidade não é usual nem em começo de campanha. Normalmente os movimentos são mais estudados. Todo mundo se apresenta primeiro como propositivo e parte para o ataque quando começa a cair ou os adversários, a subir. Ou as duas coisas ao mesmo tempo. Agora não, os dois pré-candidatos já estão em confronto aberto e sem disfarces.

O prazo para definir as candidaturas em convenção só termina em 5 de agosto. A propaganda eleitoral será permitida a partir de 16 de agosto. Para comparação, em 2020, o calendário eleitoral foi adiado por 42 dias por causa da pandemia de Covid-19. O prazo das convenções naquela ocasião terminou em 16 de setembro. O anúncio da candidatura de Sarto para concorrer a prefeito só ocorreu em 10 de setembro, na semana anterior. O PT, na busca de acordos que não se viabilizaram, chegou a adiar até o fim do prazo a convenção que oficializou Luizianne Lins.

Em 2016, bem cedo estava estabelecido que Roberto Cláudio (PDT) buscaria a reeleição e Capitão Wagner, na época pelo PR, estariam na disputa. No PT, havia a pré-candidatura de Luizianne e um grupo, ligado ao então governador Camilo Santana (PT), que queria adiar a decisão na tentativa de uma composição com Roberto Cláudio. No fim de maio, mais cedo do que gostaria esse último grupo, o diretório municipal petista, por maioria, decidiu lançar Luizianne. O cenário ficou quase definido mais de um mês mais tarde do que se deu em 2024.

Em 2012, o PSB escolheu Roberto Cláudio como candidato em 21 de junho. O PT havia escolhido Elmano de Freitas como candidato no dia 3 do mesmo mês. Aquela foi a última eleição antes da minirreforma eleitoral de 2015, que reduziu pela metade o tempo de campanha. Portanto, o prazo para realizar as convenções e definir as candidaturas se encerrava em 30 de junho. A campanha estava na rua a partir de 6 de julho. O que significa que as decisões foram tomadas muito mais tarde do que agora, perto do limite. Era o estilo cultivado pelo então governador Cid Gomes (PSB), hoje senador.

A antecipação de agora é atípica, mas tem relação com o fato de as forças políticas e as intenções estarem bem delimitadas. E pelo fato de, entre PT e PDT, haver cicatrizes bem abertas de 2022. Como raras vezes se viu, há emoções e mágoas envolvidas que vão muito além da política. Isso somado à antecipação indica que a campanha já começará num nível inusual de animosidade.

Abstenção

Evandro Leitão enfrentou disputa interna no PT na qual havia cinco pré-candidatos. No fim, ficaram ele e Luizianne Lins. Ela se retirou no último instante, mas os apoiadores dela se abstiveram e não votaram para confirmar a candidatura de Evandro.

Curiosamente, em 2016, Luizianne era a única a se apresentar para ser candidata a prefeita pelo PT. Ainda assim, houve abstenções, de um segmento que era simpático a entendimento mediado pelo então governador Camilo para haver candidatura unificada com o PDT de Roberto Cláudio. Entre as abstenções estiveram o então vereador Acrísio Sena e o hoje deputado estadual De Assis Diniz, que era presidente do PT no Ceará e hoje é a pessoa mais entusiasmada que existe com a candidatura de Evandro, mais que o próprio.

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