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Tendência sinaliza favoritismos, mas é bom respeitar a eleição
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Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista

Érico Firmo política

Tendência sinaliza favoritismos, mas é bom respeitar a eleição

Quanto mais se arrisca e se dá cavalo de pau numa campanha na busca de mudar a situação, mais se costuma dar errado e se afundar
Tipo Opinião
FACHADA do Palácio do Bispo, Paço Municipal de Fortaleza (Foto: FERNANDA BARROS)
Foto: FERNANDA BARROS FACHADA do Palácio do Bispo, Paço Municipal de Fortaleza

É comum a quem trabalha com política ser abordado, até por colegas da área, para que diga qual será o resultado de uma eleição. Pergunta-se, e se responde, sobre o assunto como se fosse algo já resolvido, já dado. Como se fosse apenas questão de saber, de descobrir. Mas, o futuro eleitoral estivesse inequivocamente traçado. Parece que as coisas não dependem dos acontecimentos, do que ainda será feito, ou deixará de ser. Dos acertos ou erros daqui para frente. Às vezes nem o eleitor está decidido, como se vai ter certeza de algo? E, se estiver, pode mudar de ideia. Faltam 24 dias para 6 de outubro. É bom respeitar a eleição e saber que há uma campanha pela frente.

Na política, como no futebol, o público espera que analistas façam previsões. Tento evitar o quanto consigo. Costuma-se tratar como quem entende de política, ou de futebol, quem é capaz de antecipar — ou adivinhar — o futuro. Talento que não tenho. Estaria nem aqui se tivesse, ora mais. (Foi assistindo a um programa esportivo apresentado por Marcelo Barreto, no Sportv, que o vi adaptar para jornalistas frase de Eric Hobsbawn sobre historiadores: só prevemos o passado, e com risco de errar.)

Falo da necessidade de respeitar a eleição porque ouvi gente comentando como se o primeiro turno já estivesse resolvido depois da pesquisa Quaest divulgada nesta quarta-feira, 11. Quase já se pudesse tratar do segundo turno.

Claro, o resultado é impactante. Vivo escrevendo que o mais importante numa pesquisa não é o número, mas o movimento. Se, nas principais pesquisas até aqui, havia oscilações na margem de erro, a Quaest trouxe alguns solavancos.

Capitão Wagner (União Brasil) está numericamente à frente, com 24%, mas caiu 7 pontos percentuais em três semanas. André Fernandes (PL) e Evandro Leitão (PT) vêm colados. Tinham 14% há três semanas, subiram 7 pontos juntos e chegaram a 21%. Empataram tecnicamente com Wagner na liderança. Mas, isso importa menos que o fato de terem crescido bem.

José Sarto (PDT) também está empatado tecnicamente na liderança. Com Wagner, está no limite máximo da margem de erro, mas está. Porém, tinha 22% e caiu para 18%. A queda é feia.

Muita gente apostava, e alguns desejavam, a polarização entre a candidatura apoiada por Lula (PT) e a respaldada por Jair Bolsonaro (PL). Parece hoje o cenário mais provável. Se a Quaest conseguiu captar com precisão o sentimento do eleitor de Fortaleza, e se não houver fatos novos, André Fernandes e Evandro Leitão se tornam favoritos para estar no segundo turno.

Polarização se impõe?

Impressiona a capacidade de hegemonia do bolsonarismo e do lulismo sobre os respectivos campos políticos. A ponto de poderem talvez superar o atual prefeito e o antes líder isolado nas pesquisas. A se confirmar e manter a tendência. O lulismo tem ainda as máquinas estadual e federal. Mas, Fernandes sobe impulsionado pela força do bolsonarismo — que, aliás, ele evita explorar — e por uma campanha muito bem feita até aqui.

24 dias: o tempo que sobra é o tempo que falta

Então, o segundo turno será André contra Evandro? Wagner e Sarto estão fora e pronto? Primeiro turno resolvido? Devagar com o andor. Wagner está com a situação em risco, mas convém não menosprezar quem tem se sustentado, apesar da divisão do antigo eleitorado.

Quanto pode a máquina?

E é bom não subestimar a máquina da Prefeitura. Convém não desenganar a candidatura à reeleição de um prefeito a mais de três semanas da eleição. A base de vereadores é o trunfo, mas também um dos maiores e mais imediatos desafios. Sarto precisa segurar a potencial migração de parlamentares, candidatos e apoiadores que podem pular do barco se acharem que está afundando. Poder se move por expectativa. Caneta perto de secar é menos atraente.

Diferença do Datafolha

Sexta-feira, 13, O POVO divulga pesquisa Datafolha. Há diferenças metodológicas em relação à Quaest. Uma é feita por ponto de fluxo, outra domiciliar. Talvez mais relevante: a Quaest apresenta o partido ao lado do nome dos candidatos. Como a Atlas, pode potencializar, ou antecipar, a força de PT e PL.

Foto do Érico Firmo

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