Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista
No intervalo de pouco mais de três semanas, o Datafolha apresentou um senhor solavanco na eleição em Fortaleza. Na semana que antecedia o horário eleitoral, Capitão Wagner (União Brasil) e José Sarto (PDT) empatavam tecnicamente na liderança e André Fernandes (PL) oscilava de forma gradual, assim como Evandro Leitão (PT). Nesse intervalo, André e Evandro cresceram nove pontos percentuais. Wagner caiu seis pontos. Sarto, cinco.
O Datafolha mostra, de forma ainda mais aprofundada, tendência semelhante à da pesquisa Quaest. Isso nos movimentos. No quadro geral, é parecido também com o que mostra a AtlasIntel — a diferença mais significativa é o percentual de Evandro, embora dentro dos limites da margem de erro. Pode ter pesado o aspecto já mencionado aqui antes: Datafolha não apresenta o partido dos candidatos, AtlasIntel sim. Em siglas fortes como o PT, isso representa alguns pontos percentuais.
Chama atenção a mudança de ritmo na campanha após o começo da campanha eleitoral. Faz duas semanas que vai ao ar. Até semana passada, quase todas as pesquisas mostravam movimentos graduais e na margem de erro. Agora, dois candidatos conquistaram nove pontos, cada. Um caiu seis e outro, cinco. As pessoas começam a se informar, conhecer os candidatos e se posicionar. Não necessariamente a decidir. Mas isso ocorrerá em breve. A campanha tem um mês e meio e o ritmo se torna frenético.
Nos números frios, André tem 25%, Wagner 23%, Evandro 19% e Sarto, 18%. Percentualmente, todos no jogo, em empate técnico ou quase isso. Porém, o que mais chama atenção são as tendências. Quem assegura que o crescimento de nove pontos apresentado por dois candidatos chegou ao fim? E que eles não seguirão nessa toada. E os dois que recuam, quem garante que interromperam o declínio? A seguir nesse ritmo, o segundo turno ruma para a polarização, entre André Fernandes e Evandro Leitão.
Se a eleição fosse hoje e se o Datafolha captou com exatidão o pensamento do eleitor de Fortaleza, esse talvez não fosse o segundo turno hoje. Mas, pode ser dentro de três semanas. Por outro lado, não é possível ainda cravar que essa tendência prosseguirá.
Como bem explicou o colega colunista Carlos Mazza, Fernandes, com o percentual no topo da pesquisa do instituto de maior prestígio do Brasil, vai virar alvo. Ele correu numa raia relativamente livre até aqui. Como irá se comportar sob bombardeio? E o eleitor que acaba de conhecê-lo? Wagner e Sarto, em queda, irão obviamente reagir e mudar estratégias. Aliás, já estão fazendo isso. Evandro já está apanhando desde cedo, e isso não o parou, por enquanto, ao menos.
Água morro abaixo
Há um problema para quem está em queda maior do que as pesquisas em si: o efeito que provocam. O desempenho de André pode fazer com que mudem de lado eleitores que, por exemplo, estão com Wagner. Sarto, com a máquina municipal e poderosa base de vereadores, terá trabalho para não sofrer dissidências.
Além da polarização
Fortaleza caminha, salvo mudança de rumo da eleição, para reproduzir a polarização entre PL e PT, bolsonarismo e petismo. Mas, não penso que isso explique o cenário local. Principalmente em relação a André Fernandes. Ele tem o voto bolsonarista, mas está furando a bolha. Adversários já se movem para tentar colocá-lo dentro dela de novo.
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