Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista
Foto: FCO FONTENELE
CAMILO e Evandro: vitória marcante com emoção e alívio
Vitória é vitória. Ganhar de virada, com gol aos 47 do segundo tempo, pode ser mais gostoso. Porém, é inegável que foi um susto para o governismo estadual. Um candidato com histórico polêmico, complicado, que foi usado contra ele, com o desgastante apoio de Jair Bolsonaro (PL), e não venceu por quase nada. O governismo viveu perigosamente.
Força conservadora, divisão progressista
O candidato conservador teve apoio de metade da cidade. É o tamanho do apoio a esse campo político, mas foi também favorecido pela divisão do campo progressista que vem desde 2022. A direita se dividiu em várias candidaturas, mas nada como a fratura exposta entre PT e PDT. Aquele momento é um marco na política cearense. Em Fortaleza, abriu um espaço que o conservadorismo por muito pouco não aproveitou. Talvez vencesse não fossem os problemas da última semana.
O que Chagas previu
Em 10 de julho, o jornalista Chagas Vieira, um dos braços direitos de Camilo Santana (PT) e com papel estratégico na campanha de Evandro Leitão (PT), publicou no Xuiter: “Minha projeção da eleição 2024 em Fortaleza: Capitão derreterá; Sarto/RC não sairá do lugar; André toma votos do capitão, cresce, mas tem teto baixo; Evandro crescerá e será o próximo prefeito de Fortaleza”.
Ele ainda não estava certo se o candidato seria Sarto ou RC. E, mais que não sair do lugar, o pedetista entrou em declínio. Evandro Leitão (PT) foi eleito prefeito de fato. Ainda que o teto de André Fernandes (PL) não tenha se mostrado baixo.
Era o plano ir para o 2º turno contra André, pela crença de que os adversários se uniriam a Capitão Wagner (União Brasil) ou a José Sarto (PDT), e não a André. Aí está o que não foi previsto.
O que Chagas não previu
Chagas calculava que o teto de Fernandes seria pouco maior que o de Bolsonaro em 2022, quando foi de 42%. Ele imaginava que André poderia chegar a algo como 46%.
Porém, houve um fator não previsto: não imaginava Roberto Cláudio (PDT) apoiar André Fernandes. A adesão de Wagner era esperada, a do pedetista, não.
“Ajustamos as estratégias no final, em torno desse fato novo. E saímos vitoriosos”. Evandro teve 82.131 votos a menos que André no 1º turno e ficou com 10.838 votos a mais no 2º turno, apesar de o terceiro, o quarto e o quinto colocados na disputa apoiarem o candidato do PL, considera Chagas. (O apoio do terceiro, Sarto, não foi declarado, mas ele inclui na conta.)
A aposta de RC
O PDT, o prefeito José Sarto, Ciro Gomes e Roberto Cláudio tiveram significativas derrotas na eleição. O prefeito teve 11,75% dos votos. Secretários, líderes e até o irmão do prefeito perderam a eleição para vereador. Teve a maior bancada, com 8 vereadores, mas falava em fazer 14. Parecia não poder ficar pior, mas Roberto Cláudio entrou de cabeça na campanha de André Fernandes. Perdeu de novo e ainda se mostrou incapaz de transferir os votos. Qual um apostador compulsivo, RC, ao se deparar com as perdas, buscou recuperar-se dos prejuízos apostando ainda mais. Apostou tudo ao apoiar alguém tão distante politicamente do que sempre fez ou defendeu. Como sói acontecer, perdeu tanto quando jogou.
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