Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista
Valorizam-se secretários técnicos, mas grandes autoridades nas áreas de atuação já foram atropeladas por não entender os meandros e complexidades das relações envolvidas
O prefeito eleito Evandro Leitão (PT) monta uma equipe, mesmo nos perfis mais técnicos, sem desconsiderar componentes políticos. No núcleo mais próximo, dois políticos por excelência e ligadíssimos a Evandro: Júnior Castro (PT), prefeito de Chorozinho, na Secretaria de Governo e o vereador Eudes Bringel (PSD) como chefe de gabinete.
André Barbosa, coronel reformado dos Bombeiros, é uma indicação bastante política. É assessor de relações comunitárias do governo Elmano de Freitas (PT). Foi articulador com Roberto Cláudio (PDT) na Prefeitura e, depois, com Camilo Santana (PT) no governo. Atuou com vigor para que Evandro vencesse a disputa interna no PT com Luizianne Lins. Tem presença forte em comunidades interlocução com várias vertentes políticas, em particular vereadores. Há gente que não o queria na equipe de Evandro. Falava-se que atuaria na Câmara Municipal. Mas é visto no secretariado como ligado a Camilo.
Júlio Brizzi (PT) é uma indicação mais política. É vereador e ocupou vários cargos, mas tem relação também com a área de Juventude, que já comandou. Foi ainda dirigente do Diretório Central dos Estudantes (DCE) da Universidade Federal do Ceará (UFC).
Com mais cara de indicação partidária, há Anderson Pinheiro e Antônio José Mota. Pinheiro será secretário do Esporte e Lazer. Tem atuação partidária intensa. É secretário-geral do Republicanos em Fortaleza e secretário estadual do Jovens Republicanos. Foi articulador e coordenador político e assessor de mandato e do partido. É ligado ao deputado estadual David Durand e ao vereador Ronaldo Martins, ambos correligionários.
Mota é filho do ex-governador Gonzaga Mota e tem mais tempo de política do que todos os principais líderes do governismo estadual. Foi assessor especial do governo do pai, entre 1985 e 1987. É coordenador estadual do Dnocs no Ceará desde o começo do governo Jair Bolsonaro (PL) e segue com Lula (PT). Em 2000, era suplente e assumiu como deputado federal. Teve o mesmo cargo no Dnocs no fim do governo Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e, no governo Lúcio Alcântara, teve cargos de direção na Secretaria de Desenvolvimento Rural do Estado. Foi assessor parlamentar na Câmara dos Deputados e é muito ligado ao deputado federal AJ Albuquerque (PP). Quando o hoje parlamentar foi prefeito de Massapê, Mota foi secretário de Governo. Ao final da gestão, em 2017, o agora secretário, que é economista, virou da TV Assembleia. O presidente do Legislativo era Zezinho Albuquerque, pai de AJ.
Técnicos e políticos
Outros indicados não deixam de ter dimensão política. Nas secretarias chamadas finalísticas, nas áreas que mais afetam a população — educação, saúde e segurança — as escolhas foram de pessoas com atuação técnica na área. Idilvan Alencar (PDT) não é professor, mas atua na gestão educacional há quase duas décadas e dedica a atuação parlamentar à área. Mas, sem ignorar o aspecto político, é deputado federal. Socorro Martins é médica, gestora da área de saúde. E foi presidente do PSDB em Santa Quitéria, até ser anunciada, quando teve de se desfiliar. Coronel Márcio Oliveira foi candidato a prefeito de Itapiúna pelo Agir. Não me parece que em nenhum dos casos a questão política tenha sido a mais relevante. Nem no de Idilvan, o de trajetória mais destacada nesse campo. Mas, o ingrediente está presente.
André Daher, da Infraestrutura, é engenheiro. Mas, tem ampla experiência no poder público. Atualmente é secretário em Caucaia, na gestão Vítor Valim (PSB). Em Fortaleza, ocupou vários cargos, inclusive na coordenação de programas como Drenurb e Preurbis. Helena Babosa, escolhida secretária da Cultura, tem formação e trajetória na gestão cultural. E passagem por várias funções, desde que Cid Gomes era governador. Atualmente, está na superintendência do Centro Dragão do Mar. Em ambos os casos, na trajetória, precisaram de um nível de interlocução e inserção na política. Algo que Helena tem no setor da cultura.
Hélio Leitão na Procuradoria Geral do Município (PGM) e Silvia Correia na Controladoria e Ouvidoria são duas pessoas da confiança de Evandro, que já trabalha com ambos na Assembleia. Hélio tem também uma trajetória no setor público e é marido de Christiane Leitão, eleita presidente da Ordem dos Advogados do Brasil no Ceará (OAB-CE), que o futuro PGM já presidiu. Cargo de muita relevância, inclusive política.
Denise Carrá no Turismo é opção por alguém com experiência na área. Não, fundamentalmente, uma política, mas tem interlocução e aval do setor.
Existe uma visão, em geral crítica à política, que valoriza secretários técnicos. Mas, a política e fundamental. O bom secretário precisa ser gestor e, também, conhecer a área. Mas, precisa saber fazer política. Grandes técnicos foram atropelados por não entender os meandros e complexidades das relações envolvidas.
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