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A popularidade e o desgaste dos prefeitos
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Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista

Érico Firmo política

A popularidade e o desgaste dos prefeitos

Os prefeitos que não conseguiram se reeleger ocupam quatro das cinco últimas colocações no ranking de popularidade. O que ainda aparece melhor é José Sarto
Tipo Opinião
DOS prefeitos de capitais que concorreram á reeleição e perderam, Sarto é o mais bem avaliado (Foto: AURÉLIO ALVES)
Foto: AURÉLIO ALVES DOS prefeitos de capitais que concorreram á reeleição e perderam, Sarto é o mais bem avaliado

Foi divulgado no fim de semana ranking de avaliação dos 26 prefeitos de capitais ao final de 2024, feito pelo instituto AtlasIntel. Os números mostram a aprovação e a desaprovação dos prefeitos que encerraram os mandatos em 31 de dezembro, e também dos que foram reeleitos. Como é se se imaginar, as avaliações explicam o resultado eleitoral, com poucas exceções.

Chama atenção o número de reeleitos: 16 dos 20 que tentaram um novo mandato. Os quatro prefeitos que tentaram e não se reelegeram perderam já no primeiro turno. Então, todos os prefeitos que foram ao segundo turno se reelegeram. Quem perdeu não chegou nem a ensaiar ter chance.

A quantidade de reeleições é interessante no momento em que, pelo mundo discute-se um possível viés anti-incumbente. Nas democracias, até a década passada, estar no cargo era uma vantagem a quem concorria: o controle da máquina, a exposição na mídia, a capacidade de atrair alianças. Há quem veja sinais de mudança dessa realidade.

Donald Trump perdeu para Joe Biden quando estava no cargo, e voltou a se eleger como oposição. Jair Bolsonaro (PL) se elegeu como oposição e perdeu como situação. Na Argentina, houve três alternâncias seguidas de poder. No Uruguai, Lacalle Pou derrotou a Frente Ampla, de esquerda, em 2019 e foi derrotado por ela em 2024.

Na Alemanha, após o longo período de governo de Angela Merkel, da centro-direita, o social-democrata Olaf Scholz se tornou chanceler em 2021, mas a coalizão que comanda colapsou no fim de 2024 e as eleições foram antecipadas. No Reino Unido, os conservadores deixaram o poder após 14 anos, com a maior derrota da história do partido — e estamos a falar de 190 anos. No Canadá, o desgaste político levou o primeiro-ministro Justin Trudeau a anunciar renúncia. O fenômeno vai além de correntes ideológicas. Há quem responsabilize a onda inflacionária mundial pós-pandemia.

Obviamente, vitórias ou derrotas em disputas eleitorais não se devem a um só motivo e fatores locais sempre pesam. De todo modo, o fenômeno global se dá nos governos nacionais. No Brasil, nas administrações locais, nas prefeituras, os incumbentes — sentados na cadeira e com caneta na mão — estão com tudo.

Os prefeitos que não conseguiram se reeleger ocupam quatro das cinco últimas colocações no ranking de popularidade. O que ainda aparece melhor é José Sarto (PDT), com 20% de aprovação. Abaixo dele estão Emanuel Pinheiro (MDB), de Cuiabá, que já era reeleito, e Edmilson Rodrigues (Psol), de Belém, Rogério Cruz (Solidariedade), de Goiânia, e Dr. Pessoa (PRD), de Teresina.

Favorecidos pela rejeição aos adversários

Naturalmente, os prefeitos mais populares tiveram mais facilidade para se reeleger. Mas, interessante também notar que mesmo prefeitos com baixos índices de aprovação também conseguiram novo mandato. Foram os casos de Ricardo Nunes (MDB), em São Paulo, com 38% de aprovação, e Fuad Noman (PSD), de Belo Horizonte, com 36%, e que atravessa graves problemas de saúde. Os dois aparecem imediatamente na frente de Sarto no ranking. Nunes chegou a estar ameaçado de nem ir ao segundo turno, pelo efeito Pablo Marçal (PRTB). Mas, teve vitória até tranquila no segundo turno, ao enfrentar Guilherme Boulos, do Psol. Fuad, por sua vez, levou vantagem ao enfrentar o bolsonarista Bruno Engler (PL).

Fator que, aliás, prejudicou o prefeito mais bem avaliado a não conseguir fazer sucessor. Hildon Chaves (União Brasil), de Porto Velho, mesmo com 67% de aprovação, viu Mariana Carvalho (União Brasil), apoiada por ele e por Bolsonaro, ser derrotada por Léo (Podemos), de centro.

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