Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista
Evandro Leitão (PT) anuncia desde a campanha que quer dar autonomia e peso político às Regionais. Um primeiro gesto para isso foi a extinção da antiga Secretaria da Gestão Regional (Seger). Na gestão José Sarto (PDT), era comandada por Ferruccio Feitosa, muito próximo à cúpula municipal. Na prática, era como se os secretários regionais fossem subordinados a ele. Estavam um degrau abaixo, e Ferruccio era o secretário de fato.
A situação causou problemas políticos. Domingos Filho, presidente do PSD cearense, reclamava que o partido — que comandava as Regionais 2 e 5 — tinha espaço qualificado por ele como periférico. Quatro meses depois, o partido anunciou que deixaria a base de apoio do agora ex-prefeito, embora os secretários tenham ficado onde estava, Domingos dizia que era decisão pessoal e não mais partidária.
O crescimento do número de Regionais, de 7 para 12, foi aprovado na gestão Roberto Cláudio e entrou em vigor com Sarto. A mudança faz sentido. As Regionais eram muito grandes e diversas. A 6, por exemplo, reunia bairros tão diversos quanto Sapiranga e Aerolândia. Porém, o impacto administrativo não me parece que seja hoje muito e perceptível. Politicamente, o prefeito passou a ter muito mais cargos a distribuir. Todavia, com menos poder, as pastas passaram a interessar menos aos partidos. A nova gestão quer mudar isso.
A valorização das Regionais por Evandro tem aspecto administrativo e político. Havia queixas de que as secretarias eram praticamente ouvidorias, que encaminhavam demandas ao secretário de fato, Ferruccio. Na atual gestão, tenha sido essa a intenção ou não — e no meio político a aposta é que sim — a ida de Osmar Baquit (PDT) para a Regional 4 tem impacto simbólico. Um deputado deixar a Assembleia Legislativa para assumir a Regional sinaliza ao mercado partidário que as Regionais estão valorizadas. O que significa autonomia, orçamento e visibilidade. Capacidade de ação.
Integração das Regionais
As Regionais surgiram em 1997, com Juraci Magalhães, e tinham muita força. Tanta que foram extintas secretarias municipais como saúde e educação. Havia uma secretaria mais ampla de assessoria às regionais. Mas, os distritos de educação e de saúde em cada uma delas definiam a política para os bairros que abrangiam. Embora em algum nível de sintonia acima, havia várias políticas de educação, saúde e outras áreas em cada Regional. Já era autonomia demais. Isso trouxe críticas administrativas e políticas. As Regionais se tornaram poderosas estruturas para eleger vereadores. Os candidatos aliados passaram a nem depender mais do prefeito. Os secretários eram chamados “prefeitinhos”. Os chefes de distrito de saúde e os de educação tinham prestígio de secretários. Então, o próprio Juraci começou a desidratá-los. Perderam um pouco de autonomia e as secretarias municipais de Saúde e de Educação foram recriadas.
Com Luizianne Lins (PT), perderam um pouco mais de autonomia. Enquanto a prefeita indicou principalmente pessoas próximas, técnicos e petistas para as secretarias temáticas, usou as Regionais para atender aos partidos aliados. A coordenação cabia a Waldemir Catanho (PT), assessor com status de secretário de Governo.
Ao se eleger, Roberto Cláudio anunciou que daria perfil mais técnico — e indicou vários que se tornaram políticos de mandato. Em princípio, o vice-prefeito Gaudêncio Lucena faria a coordenação das regionais, mas logo houve o rompimento dos grupos políticos. Com Sarto, as pastas tiveram talvez o menor nível de autonomia. Com Evandro, sem a Seger, as Regionais se reportarão diretamente à Secretaria de Governo, que ganha força política. Veremos como funcionará na prática.
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