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A aproximação dos ex-inimigos e o rumo da oposição
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Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista

Érico Firmo política

A aproximação dos ex-inimigos e o rumo da oposição

Mais que mera manifestação política, Capitão Wagner e Roberto Cláudio dão indicativos de que nasce um novo desenho da oposição no Ceará, a partir da semente do segundo turno da eleição do ano passado
Tipo Opinião
CAPITÃO Wagner e Roberto Cláudio em ato da campanha de André Fernandes, ao centro na foto (Foto: FERNANDA BARROS)
Foto: FERNANDA BARROS CAPITÃO Wagner e Roberto Cláudio em ato da campanha de André Fernandes, ao centro na foto

Nas críticas de Capitão Wagner (União Brasil) e Roberto Cláudio (PDT) ao governador Elmano de Freitas (PT), na semana passada, talvez o que mais chame atenção é a cara e jeito de ter sido uma ação combinada. Mais que mera manifestação política, são os indicativos de que nasce um novo desenho da oposição no Ceará, a partir da semente do segundo turno da eleição do ano passado.

Wagner e Roberto Cláudio saíram muito chamuscados da eleição do ano passado. Wagner já tinha sofrido outras derrotas, mas nada como a do ano passado. Em disputas majoritárias, nunca havia ficado abaixo de 30%, e sempre crescia. Desta vez teve 11%.

Roberto Cláudio não estava diretamente na disputa, mas viu o candidato dele sofrer dura derrota, que atingiram inclusive líderes, ex-secretários e parente. A bancada de vereadores eleita ficou abaixo do que estimava o partido e até os adversários. Roberto já teve sua parcela de desgaste e a ampliou ao embarcar de cabeça na campanha de André Fernandes (PL) no segundo turno.

Wagner e Roberto precisam se mexer. E escolhem Elmano como alvo, com dose de estratégia. É Elmano quem estará na berlinda na eleição do ano que vem, Evandro Leitão (PT) acabou de tomar posse, é cedo para ser alvo de cobranças e quaisquer problemas apontados terão como previsível resposta o dedo apontado para a gestão anterior, que tinha Roberto Cláudio como eminência parda.

André quieto

André Fernandes (PL), politicamente, teria mais capital para liderar a oposição hoje. Porém, tirou férias prolongadas durante as quais desapareceu. E, no retorno, tem demonstrado pouco interesse em acelerar os movimentos. Diferentemente de Wagner e RC, ele terminou a eleição em alta e não tem por que ter pressa.

Voltas

O mais curioso da aproximação entre Wagner e Roberto Cláudio é considerar o antagonismo entre os grupos até recentemente. Pode-se dizer que, se não fosse a forma como foi mobilizada a rejeição a Wagner para atrair o voto progressista, José Sarto (PDT) não teria sido eleito prefeito. Era capaz de nem Roberto Cláudio ter sido reeleito. O candidato era apresentado como personificação do mal e líder de motim, mas agora é aliado conveniente.

Em particular, Ciro Gomes (PDT), principal conselheiro de RC, tratava Wagner como o que de pior e mais perigoso havia na política. A peleja entre eles foi para o Judiciário. O ex-ministro não foi visto, até agora, em articulações conjuntas. Mas, Roberto, ainda mais em situação de isolamento, não é de tomar atitudes sem o aval de Ciro.

Wagner, por sua vez, quando começava a ganhar projeção política, já se aliou ao PT contra Roberto Cláudio. Foi em 2012. Na ocasião, ele apoiou Elmano de Freitas a prefeito contra Roberto Cláudio. Hoje, Wagner se une a Roberto Cláudio contra Elmano. Ô mundão para dar arrodeio.

Divulgação no Sisu

Os problemas na divulgação do Sistema de Seleção Unificada (Sisu) não têm o alcance da crise do Pix, mas guarda semelhanças. Atribuem-se à comunicação problemas do governo Lula que são mais sérios, mas, no caso do Sisu, a questão foi se comunicar mal mesmo. Milhões de jovens passaram o dia esperando o resultado. Era quase meia-noite quando o Ministério da Educação informou que o resultado ficaria para o dia seguinte. Uma comunicação clara e antecipada teria reduzido o estrago. Problemas técnicos acontecem, embora o trabalho seja evitá-los. São menos compreensíveis com algo que ocorre todo ano. Como no caso do Pix, o governo minimizou o problema e não teve a sensibilidade de entender como afetava as pessoas. Nem compreendeu que devia satisfação.

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