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Qual o potencial eleitoral do desgaste na segurança
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Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista

Érico Firmo política

Qual o potencial eleitoral do desgaste na segurança

Violência causa enorme desgaste mas nunca foi capaz de derrotar um governador. Eles se releegem e emplacam sucessores apesar das crises
Tipo Análise
A segurança não é o único fator capaz de influenciar o voto (Foto: Samuel Setubal)
Foto: Samuel Setubal A segurança não é o único fator capaz de influenciar o voto

A segurança pública no Ceará vem mal há muito tempo. Há uns 30 anos, pelo menos. Estava ruim na década de 1990, piorou nos anos 2000 e degringolou de vez na década passada. Nesta década, já pela metade, os esforços são para controlar a crise. A principal responsabilidade pela segurança pública, embora não a única, é do Governo do Estado. A ele cabe o comando das polícias. Porém, o fato objetivo é que a violência crítica nunca foi capaz de derrotar um governador. A oposição tem razões para crer que pode ser diferente? A insegurança pode afetar Elmano?

Efeitos políticos da violência

A insegurança é a maior aposta da oposição ao governo Elmano, por uma série de óbvios motivos. É o maior problema do Estado e o maior desafio do governo. Já era antes da eleição e o governador nunca deixou de reconhecer isso. Além disso, é o tema preferido da maior parte da oposição — notadamente o grupo de Capitão Wagner (União Brasil) e o bloco bolsonarista. É um assunto que mexe com o cotidiano das pessoas, causa medo, afeta emocionalmente, tem profundo apelo inclusive midiático. Em resumo, um prato cheio.

O tema violência tem se mostrado ótimo tema para eleger políticos de oposição, que criticam a situação. Para quem está no poder, não costuma ser um assunto que dê voto. Não costuma funcionar bem como agenda positiva. Na situação a que se chegou, mesmo quando melhora, o cenário ainda é bastante ruim. Por outro lado, tampouco tem sido capaz de criar problemas eleitorais para quem está no governo.

Como a situação tem se sustentado, apesar da crise na segurança

Há alguns motivos que podem explicar o porquê de o cenário periclitante da violência não impedir governadores de se reelegerem e emplacarem sucessores. A criminalidade parece algo tão enraizado que muitas pessoas não parecem acreditar que a troca de governo possa realmente significar mudança. Há o efeito da propaganda governamental, capaz de convencer parte do eleitorado de que pelo menos se está tentando.

Talvez mais significativo seja o fato de que, embora seja assunto preponderante, a segurança não é o único fator capaz de influenciar o voto. A população olha para o governo de forma global, não apenas para uma área. Setorialmente, temas como saúde podem ter até maior influência, mostram as pesquisas. Além do peso de aspectos como carisma do governante, capacidade de comunicação, fatores que ajudam a tornar uma personalidade popular ou não.

E outra questão fundamental é a política. A aliança formada com prefeitos, base parlamentar e partidos pode ser mais determinante para o resultado de uma eleição que o fato de o governo ser bom ou ruim.

Impactos para governos

Obviamente, o patamar da criminalidade causa problemas, graves, para os governos, mesmo que não impeça vitórias eleitorais. A situação começou a piorar no segundo governo Tasso Jereissati (1995-1998), com aumento da violência, motim da Polícia Militar e o escândalo conhecido como Caso França. O que não evitou que Tasso se reelegesse e tivesse uma vitória absoluta em 1998. No governo de Lúcio Alcântara, houve turbulência e a violência aumentou, mas foi muito mais a política que explicou a derrota eleitoral. Com Cid Gomes, a crise da segurança alcançou patamares inéditos. E isso foi motivo de muito desgaste para a administração, a ponto de ofuscar avanços em muitas outras áreas. Apesar disso, emplacou o sucessor, Camilo Santana (PT), que também teve muitos problemas nessa área, o que não evitou uma reeleição tranquila nem a vitória do sucessor, Elmano.

É possível, porém, que o fortalecimento das facções e a visibilidade dos episódios de violência nas redes sociais amplifique o impacto político.

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