Logo O POVO+
Antes do eleitor, Roberto Cláudio precisa ganhar o bolsonarismo
Foto de Érico Firmo
clique para exibir bio do colunista

Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista

Érico Firmo política

Antes do eleitor, Roberto Cláudio precisa ganhar o bolsonarismo

O bolsonarismo funciona assim, as bênçãos nacionais são necessárias, por mais que o discurso seja de deixar a condução a cargo dos líderes locais
Tipo Opinião
RC abraçou André Fernandes em 2024 (Foto: FERNANDA BARROS)
Foto: FERNANDA BARROS RC abraçou André Fernandes em 2024

Roberto Cláudio está decidido a ser candidato a governador do Ceará mais uma vez. Não fosse assim, não daria passo tão extremo quanto ir ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), com tudo aquilo que envolve — contra e a favor — em particular entre um eleitorado como o cearense. Quando O POVO publicou em primeira mão a informação do repórter Guilherme Gonsalves sobre a reunião, a coluna de ontem já estava escrita. Ainda havia tempo para mudar, mas, no meio do desenrolar dos fatos e na redação dos textos para o portal e o impresso, não deu para atualizar a coluna. O bom de jornal é que sempre há a edição do dia seguinte, para tratar dos muitos outros elementos envolvidos.

Os acontecimentos das últimas 48 horas mostram que, neste momento, para se viabilizar candidato a governador, os passos de Roberto Cláudio são para, primeiro, conquistar o apoio bolsonarista. Há sinais emitidos para fora, para a opinião pública. Mas há uma articulação que precisa ser feita para dentro — e para um grupo específico. A maior força da oposição. No Ceará, as conversas parecem muito bem encaminhadas. Mas, o bolsonarismo funciona assim, as bênçãos nacionais são necessárias, por mais que o discurso seja de deixar a condução a cargo dos líderes locais.

Até porque o PL no Ceará não é, assim, o suprassumo da unidade, como se viu nos últimos dias.

Partido era problema

A saída de Roberto Cláudio era tratada como provável desde os primeiros dias após o 2º turno da eleição do ano passado. Mencionei na coluna anterior que a desfiliação era o primeiro passo concreto e significativo para as eleições de 2026 no Ceará. Citei que ele não precisava fazer isso agora, mas se tratava de preparação para os passos seguintes. O desenrolar dos acontecimentos deixou claro o que se desenrolava. Eu não imaginava passos seguintes tão imediatos, mas é difícil achar que é coincidência que o ex-prefeito tenha anunciado a desfiliação do PDT na mesma tarde em que o ex-presidente o recebeu.

A migração do ex-prefeito vinha sendo observada do ponto de vista da dificuldade de ser candidato de oposição pelo PDT, por o partido não assegurar a ele a legenda. Porém, os últimos dias ofereceram a constatação de que o antigo partido de RC era um constrangimento para o bolsonarismo. Seria capaz de dificultar bastante os entendimentos.

O PDT é autor da ação que levou à inelegibilidade de Bolsonaro. É partido de centro-esquerda, integra o Foro de São Paulo, o que, para os conservadores, o torna a reencarnação de Lenin em forma de partido.

O senador Rogério Marinho (RN), secretário-geral do PL nacional, deixou evidente que a saída de Roberto, provavelmente rumo ao União Brasil, facilita o entendimento.

Novo grupo

Marinho, aliás, deu algumas das declarações mais interessantes dos dirigentes nacionais do PL que estiveram em Fortaleza. Verdade que, em entrevista que concedeu, não acertou uma vez o nome de Roberto Cláudio. Chamou-o de “Roberto Claudino”. E falou que o União Brasil apoiou André Fernandes no 1º turno, quando só o fez no 2º turno. Para além das gafes, explicitou que Roberto Cláudio e Eduardo Girão (por enquanto no Novo) são os pré-candidatos avaliados pelo PL hoje. Já havia descartado o apoio a Ciro Gomes (PDT), por “falta de afinidade”. Agora fala que não é uma candidatura posta.

Indo além, ele tratou o cenário atual da oposição como momento de “um grupo se formar no Estado entre as várias forças”. Definiu o momento como a construção de uma aliança entre forças muito diferentes. E, diferentemente do que Ciro dizia sobre delimitar as discussões da oposição exclusivamente no Ceará, Marinho deixa claro ser necessário um grupo só. O que está em debate, com Roberto Cláudio na linha de frente, é não apenas a candidatura de oposição no Ceará, mas também a formação do palanque local bolsonarista para presidente da República.

Voltarei ao assunto.

Foto do Érico Firmo

É análise política que você procura? Veio ao lugar certo. Acesse minha página e clique no sino para receber notificações.

O que você achou desse conteúdo?