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Girão, Roberto Cláudio e os ruídos na oposição
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Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista

Érico Firmo política

Girão, Roberto Cláudio e os ruídos na oposição

Nas demonstrações de unidade do bloco opositor nos últimos meses, Girão é o principal elemento dissonante
Tipo Opinião
EDUARDO Girão no jantar com Bolsonaro no Coco Bambu (Foto: Thays Maria Salles)
Foto: Thays Maria Salles EDUARDO Girão no jantar com Bolsonaro no Coco Bambu

Na conversa que Jair Bolsonaro (PL) teve com parlamentares do PL no Ceará, no fim de maio, Ciro Gomes (PDT) foi apontado como preferido da maioria para concorrer a governador, mas, diante de manifestação do próprio ex-governador de que apoia Roberto Cláudio, o ex-prefeito passou a ser a opção preferencial do grupo. O senador Eduardo Girão (Novo) foi mencionado, sem entusiasmar os presentes.

Fator mencionado contra ele é o desempenho eleitoral do ano passado pela Prefeitura de Fortaleza. Ficou com 1,06% dos votos válidos. Tudo bem que ele conta com o argumento de que não tinha tempo de rádio e televisão e nem participação assegurada nos debates, por causa do tamanho do partido. Caso concorra por uma ampla aliança, a situação será bem diferente. Mesmo assim, houve sete vereadores mais votados que ele, que é senador e concorria a prefeito.

Outro aspecto que os parlamentares citaram para não querer Girão como candidato: o histórico antiarmamentista, a pauta fundadora do atual bolsonarismo (antes de despontar como postulante a presidente, a partir de 2010, Bolsonaro era o deputado da pena de morte, bandeira abandonada talvez por trazer dificuldade com parte dos evangélicos, principal base eleitoral dele hoje. Embora hoje haja os que talvez até aplaudam.)

Girão assinou a proposta de Randolfe Rodrigues que pretendia suspender decreto de Bolsonaro, na época presidente, que flexibilizava o porte de armas. Por causa da posição contrária a um projeto de lei que ampliava o porte, o senador chegou a ser alvo de ameaças — claramente de pessoas de bem e respeitadoras da lei, interessadas em poder portar armas.

Na época, a postura de Girão era menos alinhada com o bolsonarismo. Ele tem feito acenos em relação a questões como posse de arma. Foi a jantar com Bolsonaro em Fortaleza — quando o ex-presidente estava no poder, não me recordo de o senador estar presente em visitas oficiais.

O senador não é visto como opção pelos pares em Fortaleza, mas tem apoio em Brasília, onde possui mais força e prestígio que na política local. Rogério Marinho, dirigente graduado do PL, tem simpatia pela candidatura dele. Girão pode se filiar ao PL, o que lhe ampliaria as possibilidades.

Nas demonstrações de unidade do bloco opositor nos últimos meses, Girão é o principal elemento dissonante. Desde que o ex-prefeito anunciou a saída do PDT, o senador passou a defender que a chapa para governador pela oposição deve sair de PL ou Novo. Considera esses os partidos com legitimidade para lançar a candidatura para representar a direita. Sem citar o nome de RC, questiona a participação de outras figuras no bloco do governismo estadual.

O senador defende alianças, mas com “coerência no comando”. Em artigo publicado no O POVO no começo do mês, ele foi bastante duro com Roberto Cláudio, mesmo sem citá-lo diretamente. “Não adianta agora mudar de partido para voltar ao poder!”, ele escreveu.

Acrescentou ainda: “Esse drama humanitário não tem como ser resolvido por quem estava junto até ontem do lado de lá, confundindo o eleitor, entre uma campanha e outra, apenas trocando nomes e cores das camisas (ora vermelha, ora amarela), mas mantendo a velha prática da cooptação, barganha e corrupção.”

E arrematou: “Não dá para se iludir e trocar seis por meia dúzia”.

Girão é mais influente e considerado em Brasília que no Ceará. Por ora, não parece que as percepções dele estão sendo levadas em conta nas conversas da oposição no Ceará. Ele torna públicas resistências a RC. Há outras, por diferentes motivos e nem sempre tratadas publicamente.

Quase aliados, mas…

De forma direta, talvez a divergência mais significativa registrada entre membros do novo bloco recém-nascido seja entre Ciro Gomes e Capitão Wagner (União Brasil). Nas trocas de mesuras até então havidas, nenhum fez acenos públicos mais efusivos em direção ao outro. E, quando os bolsonaristas se entusiasmaram com a hipótese de Ciro governador, Wagner não chegou a demonstrar empolgação de mover o mindinho.

Foto do Érico Firmo

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