Pouca farinha e muita gente de olho no pirão do governismo
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Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista
Pouca farinha e muita gente de olho no pirão do governismo
Quando se trata de acomodar políticos em governos, novos cargos são criados para contemplar todo mundo. Mas, em eleição, não tem jeito. As vagas são só aquelas mesmo
Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado
Senado está sendo o espaço mais cobiçado
Acomodar interesses é o grande desafio político dos governos no Ceará. Há bastante tempo, as principais ameaças que surgem a quem está no poder são as dissidências internas. Agora mesmo a opção mais provável da oposição para concorrer a governador em 2026 é Roberto Cláudio, que já foi linha de frente do bloco de situação que segue aí até hoje. Em anos anteriores, Eunício Oliveira (MDB) e Domingos Filho (PSD) buscaram caminho solo, embora ambos tenham retornado posteriormente ao arco de situação. A última vez em que um opositor venceu vai completar 20 anos. Foi quando Cid Gomes derrotou Lúcio Alcântara, poucos meses depois de deixar a base aliada.
Em nenhum desses casos, a divergência dos dissidentes com os governos foi programática. Podia haver até diferenças, mas 100% deles tentaram composições para ter o apoio de quem estava no poder. Roberto Cláudio queria ser o candidato de Camilo Santana, Eunício Oliveira buscou o apoio de Cid Gomes, Domingos Filho queria ser contemplado. E houve tratativas entre Tasso Jereissati e Ciro Gomes para que Lúcio Alcântara deixasse de concorrer e apoiasse Cid. Todas as rupturas foram de políticos que não tiveram o espaço que desejavam na base governista.
Quando se trata de acomodar políticos em governos, novos cargos são criados para contemplar todo mundo. Mas, em eleição, não tem jeito. É uma candidatura a governador, uma a vice, duas a senador. Há os suplentes para encaixar os aliados de segundo ou terceiro nível. E pronto.
Alguns anos atrás, quando eram permitidas coligações em eleições proporcionais, ainda eram feitos arranjos para favorecer as bancadas de um partido ou outro. Mas agora, para deputados federais e deputados estaduais, é cada partido por si.
Quem vai decidir?
José Guimarãesquer concorrer ao Senado pelo PT, mas enfrenta resistências. Cid Gomes (PSB) já falou não ser razoável o partido que tem o governador ter uma vaga de senador, com tantas legendas a contemplar. Camilo Santana, um petista, fez manifestações no mesmo sentido, antes e depois de Cid. Já o governador Elmano de Freitas (PT) lembrou que já houve situação de o PT lançar candidato a governador e a senador. Foi em 2022, com o próprio chefe do Executivo e com Camilo nas duas posições. Também mencionou ter havido casos de o partido concorrer a governador e as demais posições ficaram com aliados. Foram os casos de 2014 e 2018.
A fala não deixa de ser um aceno às ambições de Guimarães, Porém, Elmano não se compromete com nenhuma das hipóteses. Ele quer deixar as definições para o ano que vem, e para ele é estratégico manter as opções em aberto para não antecipar conflitos — que fatalmente acontecerão. Ele é o menos interessado em precipitá-los.
O governador também não mencionou que a circunstância de 2022 foi bem específica. O plano original não era o PT lançar candidato ao Palácio da Abolição, mas o PDT. Foi resultado do rompimento da aliança. E Camilo, afinal, era o puxador de votos da chapa.
O trunfo maior de Guimarães é o apoio nacional e o fato de a estratégia ser priorizar o Senado. É, porém, questionável se a cúpula nacional terá capacidade de se sobrepor às decisões locais no Estado que tem sido responsável pelas mais significativas vitórias do partido.
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