Logo O POVO+
O que mudou no PT
Foto de Érico Firmo
clique para exibir bio do colunista

Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista

Érico Firmo política

O que mudou no PT

No Ceará e em Fortaleza, a vitória das correntes hegemônicas foi avassaladora e confirma uma nova realidade estabelecida
Tipo Opinião
MOVIMENTO na sede do PT durante eleição do partido (Foto: DANIEL GALBER/ESPECIAL PARA O POVO)
Foto: DANIEL GALBER/ESPECIAL PARA O POVO MOVIMENTO na sede do PT durante eleição do partido

As eleições para as direções do PT definem quem irá comandar o partido nas eleições do ano que vem. Será um momento crucial na história do partido. Deverá ser a última disputa com Lula como candidato, isso se ele de fato concorrer. Já há algum tempo, os responsáveis por comandar a sigla não são as principais figuras públicas, com votos e mandatos. Em geral, esses que, de fato, dão as cartas, designam aliados para tocar a burocracia da máquina.

No Ceará e em Fortaleza, a vitória das correntes hegemônicas foi avassaladora e confirma uma nova realidade estabelecida.

Os grupos de José Guimarães (PT) e o novo Campo Popular se uniram e mostraram muita força. Guimarães já controlava o partido antes, mas agora a supremacia do bloco é quase absoluta.

Entretanto, a maioria obtida exigiu um acordo entre as correntes, com a divisão dos espaços. O presidente estadual reeleito, Antônio Alves Filho, o Conin, é ligado a Guimarães, mas o controle do partido passa pela pactuação com o Campo Popular, bastante eclética e reorganizada em torno do apoio ao governador Elmano de Freitas e ao ministro Camilo Santana.

Camilo foi governador por sete anos e três meses e, ao longo de pelo menos sete anos de mandato, não dedicou energias consideráveis à política interna. Não parecia saber operar com as instâncias partidárias. Por isso, dependia de Guimarães para essa condução interna.

Em 2022, quando PDT e PT romperam, Camilo tomou as rédeas da própria sucessão e passou a comandar a política do Estado. Na nova realidade, as principais decisões estaduais dependem de pacto entre os dois caciques.

(Em 2024, nas eleições pelo Interior, houve municípios em que Camilo apoiou um candidato e Guimarães apoiou outro. Um exemplo foi Palmácia, onde o PT lançou Marcondes Barbosa, mas Camilo apoiou Leonardo Araújo, do PSB, resultado de acordos que vinham da eleição de Elmano de Freitas em 2022. Mesmo sem respaldo do principal líder estadual, o petista venceu.)

Camilo se projetou dentro do PT como integrante da tendência de Guimarães, mas hoje ele se tornou maior. Não a ponto, dentro do partido, de não precisar conversar com o líder do governo Lula na Câmara dos Deputados. Mas o bastante para que o deputado não dê mais as cartas sozinho e precise se entender com o ministro, assim como com o governador.

Senado 2026

Guimarães teve vitória importante na eleição interna. Em Fortaleza, o a agrupamento dele fechou apoio a Antônio Carlos de Freitas, do Campo Popular, para presidente. Mas os dois campos concorreram com chapas diferentes e foi possível medir o tamanho de cada um. A nova corrente petista saiu como principal força, com 3,2 mil votos. O de Guimarães apareceu bem próximo, com 2,8 mil. O deputado sempre teve mais dificuldade na Capital e ampla maioria no Interior. O resultado mostra que ele avançou onde não era tão forte. Onde já era forte, ficou ainda mais.

Portanto, se Guimarães não tem mais o controle absoluto do PT Ceará, isso tampouco significa que ele pode ser facilmente atropelado pelas decisões de cúpula.

No PT, sem entendimento, as coisas se resolvem no voto. Na eleição estadual, as chapas dos dois maiores campos se uniram, então não foi possível medir o tamanho de cada grupo. É inegável que Camilo e Elmano são capazes de influenciar quase toda a militância petista.

Porém, hoje não seria de se descartar que, com o apelo de uma candidatura própria do partido, Guimarães tivesse adesão da maioria dos petistas cearenses. Porém, também não é interesse dele bater de frente.
A situação precisará ser tratada com cuidado para não virar uma crise. Há grandes forças e interesses envolvidos.

Foto do Érico Firmo

É análise política que você procura? Veio ao lugar certo. Acesse minha página e clique no sino para receber notificações.

O que você achou desse conteúdo?