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Elmano e Camilo mostram que é inteligente ter cautela
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Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista

Érico Firmo política

Elmano e Camilo mostram que é inteligente ter cautela

Governador e ministro adiam as decisões sobre eleições do ano que vem e operação da Polícia Federal mostra que algumas coisas talvez se resolvam sozinhas
Tipo Opinião
ELMANO de Freitas e Camilo Santana querem deixar assunto eleitoral para 2026 (Foto: FÁBIO LIMA)
Foto: FÁBIO LIMA ELMANO de Freitas e Camilo Santana querem deixar assunto eleitoral para 2026

Os pré-candidatos dentro da base governista às duas vagas no Senado em disputa no próximo ano se aproximam da casa da dezena, num cenário que poderá sair do controle caso as ambições não sejam administradas. Entre quem se lançou ou foi cogitado, a quantidade já seria suficiente para preencher as duas candidaturas, as quatro suplências e ainda sobrariam mais alguns. A forma de Elmano de Freitas (PT) lidar com a situação, até aqui, é esperar. É a mesma postura do ministro da Educação, Camilo Santana (PT). O governador é o mais diretamente interessado em adiar a definição.

A tese faz muito sentido. A rigor, nada será definido agora mesmo. Antecipar qualquer preferência servirá principalmente para provocar conflito entre os aliados. Irá deixar dois satisfeitos e mais que o triplo de insatisfeitos. Isso teria consequências para o governo dele. Por isso, assim como o ministro, ele quer deixar o assunto para o próximo ano.

A operação da Polícia Federal na terça-feira, 8, que teve o deputado federal Júnior Mano (PSB) como alvo, mostra que os caciques acertam com a estratégia. O parlamentar do PSB passou a ser um dos cotados para a posição. Aliás, dos que mais receberam apoio de uns tempos para cá.

Quando Cid Gomes (PSB) o citou como possibilidade, as denúncias contra Júnior Mano não eram novidade. Já circulavam fazia mais de um mês. “Olha o que eu estou dizendo, não estou colocando essa responsabilidade no nome de ninguém, só na minha responsabilidade”, disse o senador na época, sobre não ser posição do partido, mas dele, individual.

O fato de já se saber na época que a PF investigava o deputado federal do PSB não inibiu os muitos prefeitos, de variados partidos, que manifestaram apoio. A operação o impedirá de concorrer a senador? É difícil responder, porque ele já foi lançado quando as suspeitas já eram conhecidas. Porém, é difícil imaginar que não será pelo menos um enorme contratempo. Primeiro, para conseguir ser indicado, numa disputa tão concorrida. Se conseguir ser candidato, perante o eleitor.

A partir do mesmo caso, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes determinou a abertura de outra investigação, porque também houve citações aos deputados federais Eunício Oliveira (MDB), José Guimarães (PT) e Yury do Paredão (MDB). Eunício e Guimarães são outros dos pretendentes às vagas de senador.

Em resumo: a depender do desdobramento na Polícia e na Justiça, pode ser que a quantidade de pré-candidaturas seja reduzida naturalmente, de forma “orgânica”, no linguajar das redes.

Elmano e Camilo talvez se poupem do desgaste de dizer não a alguns aliados, no caso de o afunilamento se dar por motivos externos e eles ficarem pelo caminho em razão das circunstâncias.

De onde vem o método

A rigor, todo governante tende a adiar definições eleitorais, para dissipar pressões e não precipitar o esvaziamento do próprio poder. Mas Elmano e Camilo seguem receita que, no Ceará, foi aprimorada por Cid Gomes. Quando governador, o hoje senador se acostumou a trabalhar no limite dos prazos. Se esquivava de pressões e usava o calendário para pressionar aliados.

Por isso, foi intrigante quando ele saiu do script para, ainda em fevereiro, lançar Júnior Mano. Sem a caneta do Executivo, pode ter julgado necessário ganhar tempo para viabilizar o aliado. Mesmo assim, as circunstâncias desaconselhavam a exposição na época — e agora menos ainda.

Cid afirmou que não será concorrerá a governador e que não pretende buscar a reeleição no Senado. Nesse último caso, gente do próprio partido e de outros quer que ele seja. Há a leitura de que ele pode ser um puxador de votos para a chapa numa eleição que se prenuncia complexa.

Intencionalmente ou não, a pré-candidatura de Júnior Mano pode acabar servindo para melhor posicionar Cid nas negociações, de forma a compor a chapa como melhor lhe convier.

Foto do Érico Firmo

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