Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista
Foto: Daniel Galber/Especial para O POVO
CIRO Gomes entre deputados de oposição na Assembleia Legislativa do Ceará
O mundo deu muitas voltas para Ciro Gomes e para o PSDB desde 16 de setembro de 1997, quando ele se filiou ao PPS após deixar a legenda tucana. Ao longo de 28 anos, o ex-ministro foi duro crítico do projeto econômico implantado pelos tucanos e que, segundo ele, é o mesmo que teve continuidade com Lula (PT), Dilma Rousseff (PT), Michel Temer (MDB), Jair Bolsonaro (PL) e agora Lula de novo.
O ex-ministro é crítico do que o partido tem de mais caro, os anos de Fernando Henrique Cardoso como presidente e o modelo ali construído. A saber se, com a filiação encaminhada, haverá algum gesto ou aceno em relação a esse histórico.
Ele pertencia ao partido e estava na função mais estratégica quando FHC foi eleito. O ex-governador cearense era ministro da Fazenda quando o Plano Real dava os primeiros passos. Ele era uma das estrelas em ascensão do partido. Em 1990, foi o único governador que a sigla elegeu. Mas, após a eleição de Fernando Henrique, os dois entraram em rota de colisão.
O ex-governador era um político em busca de projeção e se filiou ao PPS — atual Cidadania, que atualmente conta as horas para chegar 2026, quando se encerra a federação com o próprio PSDB. O objetivo do ex-ministro, naquele momento, era concorrer pela primeira vez a presidente, o que ocorreu em 1998 e novamente em 2002, 2018 e 2022.
Já o PSDB havia crescido de forma vertiginosa com a eleição de FHC. Sérgio Motta, ex-ministro das Comunicações e estrategista do partido, projetava um período de 20 anos da legenda no poder. De um governador em 1990, passou para seis eleitos em 1994, incluindo São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais.
Hoje, Ciro vem da maior derrota eleitoral, em 2022, e de resultados ruins para aliados em 2024. O PSDB esteve perto de acabar como sigla. Este ano, foram negociadas fusões com MDB e PSD, assim como incorporação pelo Podemos. Mas os planos foram abandonados. O ex-gigante hoje é quase um nanico. No Ceará, onde chegou a eleger 83 dos 184 prefeitos, em 2000, atualmente possui dois gestores municipais.
Talvez o que viabilize o reencontro seja o fato de que tanto o ex-ministro quanto o partido estão muito em baixa. Mais forte politicamente, é provável que o ex-governador cearense não cogitasse retornar ao partido com o qual tanto brigou. É ainda mais factível que, se não estivesse ladeira abaixo, a legenda não abrigasse o antigo filiado.
Porém, os tucanos não têm muitas alternativas eleitoralmente viáveis como Ciro. Se, no plano nacional, ele hoje não parece uma opção factível para presidente, como possível candidato ao Palácio da Abolição, é bastante respeitável.
Ele fala não ter mais pretensões eleitorais. Todavia, retornar ao reduto eleitoral pode ser uma maneira de recuperar espaço perdido.
Potencial da candidatura
O ex-ministro é muito conhecido e tem força pelo Estado. Porém, isso não é o bastante para eleger um governador no Ceará. Ninguém vence eleição sem apoio de prefeitos e deputados. Os que ele teria, hoje, são insuficientes. Será preciso muita articulação. Se demonstrar viabilidade, pode ter gente disposta a fazer a aposta.
Um trunfo para ele é o tempo de rádio e televisão. A se confirmar uma coligação que reúna PL e a Federação União Brasil/PP, o espaço no horário eleitoral pode ser maior que o de Elmano de Freitas (PT).
Desde a virada do século, Ciro delegou ao irmão Cid Gomes as articulações na política cearense e foi se dedicar a Brasília. Com o afastamento entre eles, em 2022, o senador levou consigo praticamente com toda a antiga base política da família — inclusive os irmãos Ivo, Lia e Lúcio. Ciro tem todo um espaço a reconstruir no Estado.
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