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Ciro Gomes bagunça o jogo
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Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista

Érico Firmo política

Ciro Gomes bagunça o jogo

Elmano de Freitas aposta na comparação entre experiências administrativas, seja em nível local, estadual ou federal. Até nisso Ciro muda o cenário, pois a comparação com ele é mais difícil. A última vez em que chefiou um governo faz mais de 30 anos
Tipo Opinião
FERRUCCIO Feitosa, Sarto e Ciro Gomes na campanha de 2024 (Foto: Samuel Setubal)
Foto: Samuel Setubal FERRUCCIO Feitosa, Sarto e Ciro Gomes na campanha de 2024

“Adversário não se escolhe” foi o mantra repetido por Camilo Santana e Elmano de Freitas (ambos do PT) sobre a perspectiva de Ciro Gomes concorrer a governador pelo PSDB. Não sei se eles combinaram o que falar sobre o assunto, mas é plausível que tenham afinado um discurso público. Ou é sintonia mesmo.

As rodas políticas cearenses adoram especular sobre candidaturas de figurões. Ficam alvoroçadas. Em 2006 e 2010, falava-se sobre Tasso Jereissati (PSDB) concorrer de novo a chefe do Poder Executivo, algo sobre o qual ele nunca deu a menor demonstração de interesse. Em 1998, aliás, já sinalizava que não queria reeleição. Até em 1994 não abraçou de início a tese do segundo mandato.

A ideia de Ciro candidato ao governo foi mantida distante porque, de 1998 para cá, ele sempre era candidato a presidente ou o irmão, Cid Gomes (PSB), concorria ou estava na chefia do Poder Executivo estadual, o que impedia a candidatura de parente próximo. A última candidatura dele no Ceará foi em 2006, a deputado federal. Antes disso, foi quando se elegeu governador, em 1990.

Neste século, não houve candidatura nem de Tasso nem de Ciro a cargo Executivo de âmbito estadual. Qual o potencial do provável novamente tucano? Difícil dizer. Em 1998, 2002 e 2018, foi o mais votado para presidente no Estado. Nas duas primeiras, teve mais votos que Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
(Em 1998 no Estado, Ciro teve 34,2%, Lula 32,8% e o então presidente Fernando Henrique Cardoso, 30,3%. Em 2002, Ciro alcançou 44,5%, Lula, 39,4% e José Serra, 8,5%).

Em 2018, Ciro alcançou 40,9% entre os cearenses. Fernando Haddad, representante do PT, teve 33,1%. Jair Bolsonaro, eleito presidente naquele ano, ficou com 21,7% entre eleitores cearenses.Todos os dados são de primeiro turno, pois Ciro nunca chegou ao segundo.

A eleição de 2022 mudou tudo para Ciro. Naquele ano, no Estado, Lula teve 65,9%. Bolsonaro, 25,4%. E Ciro, 6,8%.

A disputa de 2022 foi um desastre completo para Ciro. De vitorioso no Ceará quatro anos antes, ele não conseguiu nem o segundo lugar em um município sequer, nem em Sobral. Em Fortaleza, não venceu em um bairro. Candidato dele ao Palácio da Abolição naquela ocasião, o ex-prefeito Roberto Cláudio venceu em apenas três urnas de Fortaleza. Na cidade que administrou por oito anos, não ganhou em um bairro.

A estratégia de Elmano apostará na comparação

O correspondente do O POVO em Brasília, João Paulo Biage, perguntou ao governador Elmano de Freitas (PT) quem ele prefere ter como adversário, de Ciro Gomes ou um bolsonarista. “É melhor eu me preocupar em trabalhar ainda mais, fazer as entregas que eu me comprometi com o povo cearense de entregar”, saiu-se Elmano.

Ele sinalizou, então, qual deve ser a linha da estratégia de reeleição. "Quem vai disputar conosco já governou em algum ambiente. Governou ou a prefeitura ou governou o Brasil, já governou o Ceará. Aí nós vamos ter condições de comparar o que fizemos com o que foi feito quando governaram”.

O caminho será o de contrapor o que foi feito às experiências administrativas dos adversários. “Para quando chegar na época da eleição a gente poder comparar o que o nosso projeto realiza no Estado do Ceará há algum tempo com aqueles que forem disputar conosco". E completou: “Eu penso que aí o nosso povo é poder tomar decisão com maior profundidade, com maior segurança, quem de fato entrega mais e faz mais pelo povo cearense".

Se a candidatura for de um bolsonarista, o parâmetro será a experiência de gestão nacional. Se for Roberto Cláudio, o ciclo pedetista em Fortaleza. Se for Ciro, há a trajetória no governo.

Acontece que isso foi há mais de 30 anos. Muito eleitor não era nascido. Este colunista aqui era menino réi. Até nisso Ciro complica o cenário.

Foto do Érico Firmo

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